Os mercados globais de café enfrentam sinais mistos em meio à previsão de chuvas no Brasil e ao aumento da oferta vietnamita

Os contratos futuros de café sofreram quedas acentuadas na quarta-feira, à medida que os traders digeriam sinais conflitantes de regiões produtoras importantes. O café arábica de março fechou em baixa de 3,31%, a 12,85 cêntimos por libra, enquanto os contratos de robusta da ICE de janeiro caíram 1,25% para 57 pontos, com as expectativas de precipitação nas regiões cafeeiras do Brasil pesando no sentimento.

Padrões Climáticos e Dinâmica de Oferta

A previsão da Climatempo de chuvas intensas na semana seguinte nas principais zonas cafeeiras do Brasil desencadeou a venda, já que a umidade adequada normalmente apoia o desenvolvimento da safra e alivia as preocupações com o abastecimento. Isso parece ter revertido os ganhos acumulados nas duas sessões anteriores, quando a incerteza geopolítica sobre tarifas sustentou os preços.

No entanto, o panorama climático de curto prazo permanece complexo. Dados de início de novembro mostraram que a região de Minas Gerais—a maior produtora de arábica do país—recebeu apenas 19,8 mm de chuva na semana que terminou em 14 de novembro, representando apenas 42% das normas históricas, sugerindo que déficits de umidade ainda podem limitar o desenvolvimento em zonas-chave.

Escassez de Estoques em Meio a Fricções Comerciais

Apesar da fraqueza de quarta-feira, o suporte estrutural persiste devido à redução dos estoques em armazéns. Os estoques de arábica monitorados pela ICE atingiram uma mínima de 1,75 anos, de 396.513 sacos, na terça-feira, enquanto os estoques de robusta tocaram uma mínima de 4 meses, de 5.648 lotes, na segunda-feira. Essas quedas refletem diretamente o impacto da política tarifária dos EUA—a tarifa de 40% imposta pela administração Trump às importações brasileiras de café desencadeou uma queda de 52% nas compras americanas de agosto a outubro, caindo para 983.970 sacos.

O regime tarifário mudou fundamentalmente os padrões de importação. Embora a administração tenha eliminado tarifas recíprocas de 10% sobre commodities não produzidas domesticamente, incluindo café, a tarifa mais ampla de 40% sobre embarques do Brasil—justificada por motivos de “emergência nacional”—permanece em vigor para a maioria dos compradores. Essa incerteza levou importadores americanos a liquidar contratos de café brasileiro, restringindo o fornecimento nos EUA, apesar de o Brasil representar cerca de um terço do consumo de café verde nos Estados Unidos.

Perspectivas de Produção e Pressões na Oferta Global

Olhando para o futuro, as previsões de produção apresentam um mosaico de otimismo e cautela. A produção do Brasil em 2026/27 é projetada em 70,7 milhões de sacos—incluindo 47,2 milhões de arábica—um aumento de 29% em relação ao ano anterior, sugerindo estoques abundantes no horizonte. No entanto, isso entra em conflito com as recentes revisões de safra: a estimativa de arábica do Brasil para 2025 foi reduzida em 4,9%, para 35,2 milhões de sacos, em setembro, enquanto a produção total de 2025 caiu 0,9%, para 55,2 milhões de sacos.

A produção vietnamita é outro fator imprevisível. A Associação de Café e Cacau do Vietnã projeta uma produção de 2025/26 10% acima da safra anterior, se o clima colaborar, enquanto estatísticas oficiais mostraram que as exportações de janeiro a outubro de 2025 aumentaram 13,4% em relação ao ano anterior, para 1,31 milhão de toneladas métricas. A produção deve subir 6% em relação ao ano anterior, para 1,76 milhão de toneladas métricas (29,4 milhões de sacos)—máximo de 4 anos—solidificando o papel do Vietnã como maior fornecedor mundial de robusta e aumentando a pressão descendente sobre os preços.

Contexto Global

A Organização Internacional do Café informou que as exportações globais de café para o ano comercial atual caíram marginalmente, diminuindo 0,3% em relação ao ano anterior, para 138,658 milhões de sacos. O Serviço de Agricultura Estrangeira do USDA projeta que a produção mundial de 2025/26 aumente 2,5%, atingindo um recorde de 178,68 milhões de sacos, com os estoques de arábica caindo 1,7%, mas robusta subindo 7,9%, enquanto os estoques finais devem subir 4,9%, para 22,819 milhões de sacos.

Cotações Pós-Chuva Refletem Mudanças de Equilíbrio

À medida que as cotações pós-chuva continuam a circular entre os traders, a queda de quarta-feira reforça como o sentimento pode mudar rapidamente entre escassez e abundância de oferta. Com os padrões climáticos no Brasil se estabilizando e as colheitas no Vietnã acelerando, a fraqueza de curto prazo parece provável, apesar das restrições de estoque. As previsões de chuva de médio prazo e os dados de produção emergentes irão determinar se os níveis atuais de preço encontram suporte ou enfrentam mais quedas, à medida que o mercado se recalibra para os estoques globais elevados que chegam nos próximos trimestres.

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