Alguma vez comparaste dois bônus e não sabias qual escolher? Aqui é onde entra em jogo uma ferramenta fundamental que muitos investidores desconhecem: a Taxa Interna de Retorno ou TIR. Embora pareça complicada, esta métrica é exatamente o que precisas para tomar decisões de investimento mais inteligentes.
▶ Entendendo o que é a TIR e por que importa
A fórmula da TIR mede em termos percentuais a rentabilidade real que obterás de um investimento em bônus ou títulos de dívida. Imagina que tens duas opções: investir no bônus A ou no bônus B. A TIR dá-te uma comparação objetiva e precisa para escolher qual tem maior potencial de ganho.
O interessante é que a TIR captura duas fontes de rentabilidade simultaneamente:
Os cupons periódicos: os pagamentos que recebes anualmente, semestralmente ou trimestralmente durante a vida do bônus. Estes podem ser fixos, variáveis ou flutuantes (indexados à inflação). Alguns bônus especiais, chamados cupom zero, não geram estes pagamentos intermédios.
O ganho (ou perda) por preço: quando compras um bônus, o seu preço oscila no mercado. Se o compras por menos do que te devolverão no vencimento, ganhas a diferença. Se o compras por mais, essa diferença é uma perda garantida.
▶ Como funciona realmente um bônus ordinário
Tomemos um exemplo concreto: compras um bônus ao seu valor nominal (100 €). Durante cinco anos recebes cupons regulares, e no final o emissor devolve-te os 100 € mais o último cupom. Parece simples, certo? O detalhe crucial é que entre o ano zero e o ano cinco, o preço do bônus oscila constantemente devido a mudanças nas taxas de juro e na qualidade de crédito do emissor.
Aqui surge uma paradoxo importante: embora pareça que um preço mais alto seja melhor, na realidade não é assim. Se compras no mercado secundário a 100 € em vez de 107 €, obténs um rendimento maior porque pagarás menos por algo que será devolvido ao seu valor nominal.
Isto reflete-se em três cenários possíveis:
À par: compras por exatamente 1.000 € algo avaliado em 1.000 €
Acima da par: pagas 1.086 € por algo de 1.000 € (generaria perda)
Abaixo da par: investes 975 € em algo avaliado em 1.000 € (generaria ganho)
A TIR é precisamente a taxa que engloba tanto os rendimentos por cupons como o ganho ou perda que obterás por comprar a um ou outro preço.
▶ TIR frente a outras medidas de interesse: não as confundas
O mercado está cheio de taxas diferentes que podem confundir-te. Vejamos as principais:
A TIR já a conheces: é o rendimento total considerando fluxos de caixa e preço atual de compra.
O Tipo de Juro Nominal (TIN) é simplesmente a percentagem acordada entre tu e quem te empresta ou emite o bônus. É o “juro puro” sem incluir custos adicionais.
A Taxa Anual Equivalente (TAE) inclui despesas extras que o TIN não contempla. Por exemplo, numa hipoteca poderás ver um TIN de 2% mas TAE de 3,26% porque a TAE soma comissões, seguros e outras cargas. O Banco de Espanha promove justamente porque permite comparar ofertas de forma honesta.
O Juro Técnico aparece frequentemente em produtos segurados. Inclui custos como o seguro de vida incluído no produto, por isso pode mostrar 1,50% enquanto o juro nominal está em 0,85%.
▶ Para que te serve calcular a TIR
Em análise de investimentos, a TIR determina se um projeto é viável e qual merece o teu capital. Especificamente em renda fixa, revela que oportunidades de bônus são realmente atrativas face a outras opções disponíveis.
Aqui vai um exemplo prático: suponhamos dois bônus. O bônus A paga 8% de cupom mas a sua TIR é 3,67%. O bônus B paga 5% de cupom mas a sua TIR é 4,22%. Se apenas olhasses para o cupom escolherias o primeiro, mas a TIR mostra-te claramente que o segundo é mais rentável.
Por que acontece isto? Tipicamente porque o bônus A está cotando acima da par (pagaste caro), e esse sobrepreço penalizar-te-á quando chegar o vencimento e receberás apenas o nominal.
Caso 1 - Compra abaixo da par:
Um bônus cotando a 94,5 €, paga 6% ao ano e vence em 4 anos. Aplicando a fórmula da TIR obtemos 7,62%. Nota como a TIR supera o cupom de 6% graças a que comprámos por abaixo do valor nominal.
Caso 2 - Compra acima da par:
O mesmo bônus mas cotando agora a 107,5 €. A TIR resulta ser 3,93%. Aqui vês como o sobrepreço deteriora a rentabilidade real, diluindo os 6% de cupom inicial.
▶ Quais fatores movem a tua TIR
Conhecer isto permite-te antecipar onde se moverá um bônus sem fazer cálculos complexos:
Cupom mais alto = TIR mais alta. Inversamente, cupom baixo = TIR baixa.
Preço de compra baixo (abaixo da par) = TIR melhorada. Preço alto (sobre a par) = TIR penalizada.
Características especiais: os bônus conversíveis mudam a TIR consoante a ação subjacente; os bônus ligados à inflação oscilam com essa variável, etc.
▶ Conclusão: TIR sim, mas com olhos abertos
A importância de usar a fórmula da TIR é inegável: mostra-te a rentabilidade real de um título de renda fixa, permitindo-te escolher aquele que ofereça maior ganho. Mas aqui vem o crítico: nunca ignores a qualidade de crédito do emissor.
Durante a crise da Grécia (Grexit), os bônus gregos a 10 anos atingiram TIRs superiores a 19%, o que era obviamente anormal. Só a intervenção da Zona Euro evitou um default que teria significado perda total. Assim, enquanto uses a TIR como bússola, mantém também os olhos nas circunstâncias políticas e de crédito do país ou empresa por trás do bônus.
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Como dominar a fórmula do TIR: a sua bússola em investimentos de renda fixa
Alguma vez comparaste dois bônus e não sabias qual escolher? Aqui é onde entra em jogo uma ferramenta fundamental que muitos investidores desconhecem: a Taxa Interna de Retorno ou TIR. Embora pareça complicada, esta métrica é exatamente o que precisas para tomar decisões de investimento mais inteligentes.
▶ Entendendo o que é a TIR e por que importa
A fórmula da TIR mede em termos percentuais a rentabilidade real que obterás de um investimento em bônus ou títulos de dívida. Imagina que tens duas opções: investir no bônus A ou no bônus B. A TIR dá-te uma comparação objetiva e precisa para escolher qual tem maior potencial de ganho.
O interessante é que a TIR captura duas fontes de rentabilidade simultaneamente:
Os cupons periódicos: os pagamentos que recebes anualmente, semestralmente ou trimestralmente durante a vida do bônus. Estes podem ser fixos, variáveis ou flutuantes (indexados à inflação). Alguns bônus especiais, chamados cupom zero, não geram estes pagamentos intermédios.
O ganho (ou perda) por preço: quando compras um bônus, o seu preço oscila no mercado. Se o compras por menos do que te devolverão no vencimento, ganhas a diferença. Se o compras por mais, essa diferença é uma perda garantida.
▶ Como funciona realmente um bônus ordinário
Tomemos um exemplo concreto: compras um bônus ao seu valor nominal (100 €). Durante cinco anos recebes cupons regulares, e no final o emissor devolve-te os 100 € mais o último cupom. Parece simples, certo? O detalhe crucial é que entre o ano zero e o ano cinco, o preço do bônus oscila constantemente devido a mudanças nas taxas de juro e na qualidade de crédito do emissor.
Aqui surge uma paradoxo importante: embora pareça que um preço mais alto seja melhor, na realidade não é assim. Se compras no mercado secundário a 100 € em vez de 107 €, obténs um rendimento maior porque pagarás menos por algo que será devolvido ao seu valor nominal.
Isto reflete-se em três cenários possíveis:
A TIR é precisamente a taxa que engloba tanto os rendimentos por cupons como o ganho ou perda que obterás por comprar a um ou outro preço.
▶ TIR frente a outras medidas de interesse: não as confundas
O mercado está cheio de taxas diferentes que podem confundir-te. Vejamos as principais:
A TIR já a conheces: é o rendimento total considerando fluxos de caixa e preço atual de compra.
O Tipo de Juro Nominal (TIN) é simplesmente a percentagem acordada entre tu e quem te empresta ou emite o bônus. É o “juro puro” sem incluir custos adicionais.
A Taxa Anual Equivalente (TAE) inclui despesas extras que o TIN não contempla. Por exemplo, numa hipoteca poderás ver um TIN de 2% mas TAE de 3,26% porque a TAE soma comissões, seguros e outras cargas. O Banco de Espanha promove justamente porque permite comparar ofertas de forma honesta.
O Juro Técnico aparece frequentemente em produtos segurados. Inclui custos como o seguro de vida incluído no produto, por isso pode mostrar 1,50% enquanto o juro nominal está em 0,85%.
▶ Para que te serve calcular a TIR
Em análise de investimentos, a TIR determina se um projeto é viável e qual merece o teu capital. Especificamente em renda fixa, revela que oportunidades de bônus são realmente atrativas face a outras opções disponíveis.
Aqui vai um exemplo prático: suponhamos dois bônus. O bônus A paga 8% de cupom mas a sua TIR é 3,67%. O bônus B paga 5% de cupom mas a sua TIR é 4,22%. Se apenas olhasses para o cupom escolherias o primeiro, mas a TIR mostra-te claramente que o segundo é mais rentável.
Por que acontece isto? Tipicamente porque o bônus A está cotando acima da par (pagaste caro), e esse sobrepreço penalizar-te-á quando chegar o vencimento e receberás apenas o nominal.
▶ Calculando a TIR: fórmula e exemplos práticos
A fórmula da TIR requer três variáveis principais: o preço atual (P), o cupom que receberás © e o número de períodos até o vencimento (n). Como despejar matematicamente a TIR é complexo, muitos investidores usam calculadoras online para obtê-la inserindo esses dados.
Vejamos dois casos reais:
Caso 1 - Compra abaixo da par: Um bônus cotando a 94,5 €, paga 6% ao ano e vence em 4 anos. Aplicando a fórmula da TIR obtemos 7,62%. Nota como a TIR supera o cupom de 6% graças a que comprámos por abaixo do valor nominal.
Caso 2 - Compra acima da par: O mesmo bônus mas cotando agora a 107,5 €. A TIR resulta ser 3,93%. Aqui vês como o sobrepreço deteriora a rentabilidade real, diluindo os 6% de cupom inicial.
▶ Quais fatores movem a tua TIR
Conhecer isto permite-te antecipar onde se moverá um bônus sem fazer cálculos complexos:
▶ Conclusão: TIR sim, mas com olhos abertos
A importância de usar a fórmula da TIR é inegável: mostra-te a rentabilidade real de um título de renda fixa, permitindo-te escolher aquele que ofereça maior ganho. Mas aqui vem o crítico: nunca ignores a qualidade de crédito do emissor.
Durante a crise da Grécia (Grexit), os bônus gregos a 10 anos atingiram TIRs superiores a 19%, o que era obviamente anormal. Só a intervenção da Zona Euro evitou um default que teria significado perda total. Assim, enquanto uses a TIR como bússola, mantém também os olhos nas circunstâncias políticas e de crédito do país ou empresa por trás do bônus.