Recentemente, finalmente arranjei tempo para analisar a fundo a lógica por trás daquela vaga de quedas bruscas do mês passado. Demorei vários dias, principalmente porque queria ver diferentes análises, incluindo o relatório do JPMorgan e alguns artigos aprofundados na internet.
Vamos começar por um fenómeno interessante: entre o final de outubro e finais de novembro do ano passado, o S&P 500, o mercado acionista chinês (Shanghai Composite e CSI 300) e o índice Nikkei caíram quase ao mesmo tempo, com quebras entre 5% e 8%. O Bitcoin foi ainda mais agressivo, chegando a cair quase 30%. Este tipo de queda coletiva, transversal a vários mercados e classes de ativos, ao ser analisada mais a fundo, parece ter origem num mesmo ponto — houve um problema no mercado de recompra dos EUA.
O BTC caiu tanto não só por causa da sua elevada volatilidade habitual, mas também devido a uma reação em cadeia entre os market makers. Lembram-se da tempestade de liquidação de 11 de outubro? Aqueles grandes market makers, muitas vezes chamados de "bancos centrais invisíveis do mundo cripto", foram completamente apanhados de surpresa. Os seus modelos de cobertura falharam instantaneamente, abrindo um enorme buraco nos balanços.
Para sobreviver, estes market makers foram obrigados a recolher liquidez de forma agressiva. O resultado? A profundidade do livro de ordens colapsou completamente, chegando a evaporar 98% da liquidez — sim, 98%. Isto não foi causado pela Reserva Federal a fazer aperto quantitativo, foi puramente uma reação de sobrevivência dos próprios agentes do mercado. Tom Lee estimou que, nesse dia, as perdas dos principais market makers rondaram os 19 a 20 mil milhões de dólares. Segundo ele, para recuperar totalmente seriam precisas pelo menos 6 a 8 semanas.
Aqui uma breve explicação: o indicador SOFR, de forma simples, é a taxa média a que se pode pedir dinheiro emprestado no mercado de recompra overnight dos EUA, usando títulos do Tesouro como garantia. A lógica é direta — quando há stress no mercado de recompra, as taxas disparam e o SOFR sobe.
Qual é o verdadeiro impacto do mercado de recompra em todo o sistema financeiro americano?
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StablecoinAnxiety
· 5h atrás
98% da liquidez evaporada, os market makers à beira da falência, isto é que é o verdadeiro cisne negro
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BearMarketSurvivor
· 18h atrás
98% da liquidez evaporou... Isto sim é uma verdadeira história de terror
Os market makers foram mesmo arrasados naquele dia, um verdadeiro colapso de um “banco central invisível” ao vivo
Por isso é que os pequenos investidores a especular em cripto estão só a segurar o saco para Wall Street, não há erro nenhum nisso
Quando o SOFR começar a disparar, devemos sair logo, nada de pensar em apanhar o fundo
Esta queda brutal não tem nada a ver com o mundo cripto, é tudo sangue derramado pelos jogos financeiros de Wall Street
Entre 19 e 20 mil milhões de dólares desapareceram assim, é mesmo absurdo
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ApyWhisperer
· 18h atrás
98% da liquidez evaporou-se diretamente, isto é simplesmente absurdo... Não admira que o BTC tenha sido tão fortemente esmagado.
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GasFeeDodger
· 18h atrás
Porra, 98% da liquidez evaporou? Isto é ainda mais emocionante do que da última vez que comprei na baixa.
Os market makers, coitados, levaram uma facada enorme de repente, não admira que estejam a recuperar tudo à pressa.
Por isso é que o mercado de recompra dos EUA é o verdadeiro assassino invisível.
O BTC é mesmo injustamente culpado, no fundo o problema é de todo o sistema.
Demora 6 a 8 semanas a recuperar? Nessa altura realmente parecia que estavam todos a cortar por todo o lado.
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RooftopReserver
· 18h atrás
98% de liquidez evaporada, isto deve ser um desespero total
Recentemente, finalmente arranjei tempo para analisar a fundo a lógica por trás daquela vaga de quedas bruscas do mês passado. Demorei vários dias, principalmente porque queria ver diferentes análises, incluindo o relatório do JPMorgan e alguns artigos aprofundados na internet.
Vamos começar por um fenómeno interessante: entre o final de outubro e finais de novembro do ano passado, o S&P 500, o mercado acionista chinês (Shanghai Composite e CSI 300) e o índice Nikkei caíram quase ao mesmo tempo, com quebras entre 5% e 8%. O Bitcoin foi ainda mais agressivo, chegando a cair quase 30%. Este tipo de queda coletiva, transversal a vários mercados e classes de ativos, ao ser analisada mais a fundo, parece ter origem num mesmo ponto — houve um problema no mercado de recompra dos EUA.
O BTC caiu tanto não só por causa da sua elevada volatilidade habitual, mas também devido a uma reação em cadeia entre os market makers. Lembram-se da tempestade de liquidação de 11 de outubro? Aqueles grandes market makers, muitas vezes chamados de "bancos centrais invisíveis do mundo cripto", foram completamente apanhados de surpresa. Os seus modelos de cobertura falharam instantaneamente, abrindo um enorme buraco nos balanços.
Para sobreviver, estes market makers foram obrigados a recolher liquidez de forma agressiva. O resultado? A profundidade do livro de ordens colapsou completamente, chegando a evaporar 98% da liquidez — sim, 98%. Isto não foi causado pela Reserva Federal a fazer aperto quantitativo, foi puramente uma reação de sobrevivência dos próprios agentes do mercado. Tom Lee estimou que, nesse dia, as perdas dos principais market makers rondaram os 19 a 20 mil milhões de dólares. Segundo ele, para recuperar totalmente seriam precisas pelo menos 6 a 8 semanas.
Aqui uma breve explicação: o indicador SOFR, de forma simples, é a taxa média a que se pode pedir dinheiro emprestado no mercado de recompra overnight dos EUA, usando títulos do Tesouro como garantia. A lógica é direta — quando há stress no mercado de recompra, as taxas disparam e o SOFR sobe.
Qual é o verdadeiro impacto do mercado de recompra em todo o sistema financeiro americano?