CIO da Bitwise: 2026 será muito forte; as ICOs vão regressar em força

Fonte do podcast: Empire

Data de emissão: 8 de dezembro de 2025

Convidado: Matt Hougan, Chief Investment Officer (CIO) da Bitwise

Tradução e organização: BitpushNews


Este artigo resume o conteúdo do último episódio do podcast de cripto Empire, intitulado “Institutional Flows Will Overpower the 4-Year Cycle”. O convidado é Matt Hougan, Chief Investment Officer (CIO) da Bitwise.

No programa, Matt discute profundamente temas chave como “será que a influência do ciclo de quatro anos do Bitcoin está a enfraquecer”, “entrada acelerada de capital institucional”, “existe risco real de forced selling de Bitcoin por parte das strategies?”, e também partilha o seu juízo sobre o debate de Haseeb–Santi sobre a avaliação das L1, além de dar a sua visão sobre os motores de crescimento do próximo ciclo do mercado cripto.

(Abaixo segue o resumo da entrevista)

Q1: O mercado tem estado muito volátil recentemente, especialmente com grandes quedas ao fim de semana. O que pensas sobre isto?

Matt Hougan:

A volatilidade de curto prazo por si só não significa muito, mas de facto, nos últimos meses formou-se um “padrão de pânico ao fim de semana”. Como o mercado cripto negocia 24/7, e os humanos não estão sempre acordados, a liquidez ao fim de semana é naturalmente mais fraca. Além disso, muitas vezes as principais decisões macroeconómicas são anunciadas na sexta-feira à tarde, obrigando o mercado cripto a antecipar e digerir as notícias, o que tende a amplificar-se ao fim de semana.

Por isso, não acho que isto reflita mudanças nos fundamentais. Na verdade, estamos a falar de um mercado que este ano está praticamente estável, mas o sentimento está tão amplificado que parece que houve um colapso. Muito do nervosismo dos investidores deve-se apenas à memória de que “ao fim de semana normalmente acontece algo mau”. Isto não é um sinal de tendência de longo prazo.

Q2: De uma perspetiva mais macro, como vês o mercado em 2025-2026? O ciclo de quatro anos ainda é válido?

Matt:

Já disse várias vezes: penso que o chamado “ciclo de quatro anos” já praticamente perdeu a validade. No passado, ele existia devido à combinação de certos fatores específicos, mas esses fatores hoje já não têm força suficiente.

O choque de oferta causado pelo halving está a impactar o mercado de forma decrescente; o ambiente de taxas de juro é muito diferente dos “anos de correção dos ciclos” anteriores (2018, 2022) – agora estamos num ciclo de descida de juros; e o risco sistémico de “explosões” que causavam quedas grandes também diminuiu significativamente. Ou seja, as forças originais que impulsionavam o ciclo estão agora enfraquecidas.

Mas, por outro lado, há uma força que está cada vez mais forte — a entrada de capital institucional. Nos últimos seis meses, Bank of America, Morgan Stanley, UBS, Wells Fargo e outros gigantes tradicionais começaram a abrir-se à alocação de ativos cripto, com um total superior a 15 biliões de dólares. Isto é uma força de uma década, capaz de suplantar o chamado ciclo de quatro anos.

Por isso digo claramente: não acho que 2026 será um ano de queda, pelo contrário, penso que será muito forte.

Q3: Referiste que muita da pressão vendedora dos “velhos investidores” não vem de endereços on-chain. De onde vem então essa pressão?

Matt:

Muitos OG holders não venderam diretamente nos últimos anos, por isso os dados on-chain não mostram “movimentação de carteiras antigas”, mas fizeram outra coisa equivalente: covered call (venda coberta de calls).

Basicamente, não querem vender os bitcoins que detêm há anos (por causa do imposto elevado), mas querem realizar lucros, então colateralizam o BTC para escrever opções e obtêm um rendimento anualizado de 10%–20%. Esta operação, na prática, é “vender” o potencial de subida futura ao mercado, exercendo uma pressão sobre o preço equivalente a uma venda parcial, mas sem que isso apareça on-chain como “movimentação de endereço antigo”.

Este tipo de negócio está a crescer muito rápido na Bitwise e não somos os únicos a oferecê-lo. Suspeito que já haja vários milhares de milhões de dólares de pressão vendedora oculta vinda deste tipo de venda estrutural.

Q4: Existe mesmo risco de forced selling por parte das strategies? Porque se fala tanto disso?

Matt:

Não há qualquer razão para preocupação. Diria até que é um mal-entendido.

A MicroStrategy paga cerca de 800 milhões de dólares por ano em juros, mas tem 14,4 mil milhões em caixa, suficiente para cobrir 18 meses. A sua dívida ronda os 8 mil milhões, mas o valor dos bitcoins detidos ultrapassa os 60 mil milhões. Mais importante ainda, a dívida mais antiga só vence em 2027.

A menos que o preço do Bitcoin caia 90%, não há hipótese de forced selling. E se caísse 90%, todo o setor estaria pior do que a MicroStrategy.

Por isso, a preocupação certa não é “será que vão vender?”, mas sim “será que vão comprar tanto como antes?”. Esse é o verdadeiro impacto marginal.

Q5: Que empresas ou instituições te preocupam mais como potenciais vendedores?

Matt:
Se olharmos para o modelo “missionários vs mercenários”:

  • Tipo missionário (como Saylor): praticamente impossível vender.
  • Tipo mercenário (pequenas empresas a copiar a MicroStrategy): vão sair no futuro, mas são demasiado pequenas, mesmo que vendam tudo, não causam impacto sistémico.

Q6: Nas tuas reuniões com grandes instituições financeiras, quais são as maiores preocupações deles?

Matt:

Passo grande parte do meu tempo a falar com estas instituições. As perguntas deles são muito básicas: porque é que o Bitcoin tem valor? Como avaliá-lo? Qual a sua correlação com outros ativos? Que papel tem numa carteira?

Um facto importante que costuma ser ignorado: as decisões institucionais são muito lentas.
O cliente institucional médio da Bitwise precisa de 8 reuniões para investir, e às vezes estas reuniões são trimestrais – por isso percebes porque é que Harvard só agora está a aumentar a exposição ao Bitcoin – desde o lançamento dos ETFs até à aprovação, passou um ano.

Empresas como o Bank of America gerem 3,5 biliões de dólares – se alocarem só 1%, são 35 mil milhões, mais do que todos os fluxos líquidos atuais dos ETFs de Bitcoin.

Por isto digo: a adoção institucional é a força mais importante dos próximos anos.

Q7: Porque é que os Financial Advisors (FA) demoram tanto a aceitar cripto?

Matt:
Porque o objetivo deles não é maximizar retorno, mas sim:

“Evitar ser despedido pelo cliente devido a perdas.”

Se um FA tivesse alocado clientes em Bitcoin em 2021, e em 2022 o evento FTX tivesse causado uma queda de 75%, o cliente teria logo despedido o FA.
Já as ações de IA como Nvidia podem cair 50%, mas a narrativa de mercado é “tendência futura”, enquanto a narrativa mediática das cripto ainda é muito questionada, por isso o “risco de ser despedido” é maior.

Com a descida da volatilidade, a narrativa das stablecoins e tokenização de ativos (RWA) a reforçar-se, os ativos cripto estão a tornar-se mais “aceitáveis para consultores profissionais”.

Q8: Como explicas as diferenças entre Ethereum, Solana e outras L1 às instituições?

Matt:
A estratégia é simples:

  1. Realçar as diferenças (caminho tecnológico, velocidade, custos, filosofia de design)
  2. Depois sugerir “comprar um pouco de todas”

A razão é que os consultores só têm em média 5 horas por semana para estudar carteiras e, dessas, só 3 minutos para cripto.

Matt diz:

“Se só tivesse três minutos por semana para estudar cripto, nunca conseguiria prever qual a chain vencedora, por isso o mais razoável é diversificar.”

Em termos de compreensibilidade:

  • Uniswap e Aave são as mais fáceis de entender, porque são o “Coinbase descentralizado” e o “banco de empréstimos cripto”
  • Chainlink também é muito popular entre instituições, porque pode-se explicar assim:

“Chainlink é o terminal de dados Bloomberg do mundo blockchain.”

Q9: O que achas do debate entre Haseeb e Santi sobre a avaliação das L1?

**(Nota Bitpush:**Haseeb Qureshi é sócio da Dragonfly Capital, defende uma visão de longo prazo, acredita que o mercado subestima gravemente o volume futuro de transações e efeito de rede das L1, e que avaliar com dados atuais subestima o seu potencial a longo prazo.

Santi Santos é investidor e investigador cripto, defende uma abordagem mais racional, enfatiza que as L1 terão de ser avaliadas por receitas, taxas e valor económico real, considerando que parte das avaliações atuais já desconta demasiado o futuro.)

Matt:

Acho que ambos têm razão, mas com focos diferentes.

A nível estrutural, estou mais próximo da visão do Haseeb. Somos demasiado conservadores na nossa imaginação do volume de atividade económica e liquidação on-chain no futuro. Um exemplo simples: porque é que os salários são pagos de duas em duas semanas? Podiam ser pagos por hora, ou até por minuto – e essa mudança implicaria um crescimento exponencial das transações on-chain.

Mas concordo com o ponto do Santi: no fim, todas as L1 terão de ser avaliadas por métricas económicas reais. Receita, taxas, valor capturado pelo protocolo – não se pode escapar a isso. Só que os dados financeiros atuais estão longe de refletir o potencial de rede futuro.

Resumindo —
A avaliação no fim será baseada na performance financeira (Santi tem razão), mas o potencial económico futuro será muito maior do que os modelos atuais (Haseeb tem razão).

Q10: Se fosses fundador de um projeto de token, o que farias agora para tornar o token mais atrativo para investidores?

Matt:

Acho que os projetos cripto estão a passar da “era puramente comunitária” para a “era quase de empresa cotada”. Isto significa que os projetos devem começar a adotar práticas maduras dos mercados de capitais, como:

  • Publicar regularmente dados operacionais e financeiros transparentes
  • Organizar calls de atualização trimestrais
  • Criar uma equipa de relações com investidores (IR)
  • Explicar claramente o modelo de receitas, o modelo económico e a visão de longo prazo do protocolo

Nos últimos anos, muitas fundações levantaram demasiado capital e não foram eficientes no uso dos fundos. No futuro, os projetos devem gerir o treasury como um verdadeiro portfólio de investimento, como faz a Arbitrum, e não apenas como um mecanismo de subsídio de curto prazo.

Estas práticas não são mera formalidade, mas sim formas de comunicação validadas ao longo de séculos nos mercados de capitais.

Q11: Como vês o futuro dos ICOs e dos modelos de emissão de tokens?

Matt:

Sempre achei que o ICO de 2017 foi uma tentativa “prematura mas acertada” – a ideia era certa, mas o modelo económico era imaturo e o quadro regulatório incerto, levando a que muitos projetos não cumprissem as promessas.

No futuro, acredito que os ICOs vão regressar e em escala ainda maior que em 2017. Comparados aos IPOs, os ICOs são mais rápidos, democráticos e baratos, e agora o ambiente regulatório permite ligar diretamente os tokens à atividade económica do protocolo, dando-lhes valor económico real.

A longo prazo, acredito que a forma de as empresas se tornarem públicas passará gradualmente do IPO para a emissão nativa de tokens, ou até uma fusão dos dois modelos.

Q12: O que pensas sobre o espaço institucional das moedas de privacidade como Zcash?

Matt:
A narrativa do Zcash é muito clara, mas ainda há bastante sensibilidade regulatória, sobretudo no debate “privacidade por defeito vs opção de privacidade”.
Por isso, é difícil ver ETFs ou produtos institucionais a expor-se ao Zcash.

No entanto, ele destaca:

“No futuro, o cripto vai passar de uma narrativa para dez, e a privacidade será uma delas.”

Só que, para já, ainda não é o momento para instituições se posicionarem em ativos de privacidade.

Q13: Em última análise, qual é a tua previsão para 2026?

Matt Hougan:
Acredito que 2026 será muito forte. O fluxo institucional está a acumular momentum, o ambiente regulatório está a passar de vento contrário a favorável, e novas narrativas como stablecoins, tokenização de ativos e finanças on-chain estão a propagar-se. O mercado pode, em certos momentos, ficar desiludido com algumas destas narrativas, mas isso é uma questão de timing, não de direção.

Se tivesse de resumir numa frase:
Estamos apenas no início do próximo grande ciclo de crescimento.


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