Wall Street prepara-se para um grande acontecimento esta sexta-feira — os dados de inflação PCE de setembro vão ser divulgados, e todos os traders globais estão de olhos colados nos ecrãs à espera deste “calmante”.

As bolsas americanas recuperaram recentemente para perto de máximos históricos, mas o mercado está bastante nervoso. Porquê? Porque os vários indicadores estão em completo desacordo: o relatório de emprego ADP mostra um arrefecimento nas contratações, o índice de confiança dos consumidores também está a cair, dando a entender que a economia pode estar a esfriar. Mas, por outro lado, a época de resultados das empresas tem sido excelente e os dados de consumo da Black Friday foram explosivos, com compras frenéticas tanto online como offline. Afinal, em que ponto estamos?

O estratega da Nationwide, Mark Hackett, não poderia ser mais claro: “Esses dados mais ‘soft’ não são fiáveis, o que realmente importa é o PCE.” Este é o indicador de inflação mais seguido pela Reserva Federal e pode ser a chave para dissipar as dúvidas. O consenso do mercado é que a taxa mensal do núcleo do PCE fique nos 0,2% e a taxa anual se mantenha por volta dos 2,8% — mas quem pode garantir? Prever estes números muitas vezes é uma piada.

Ainda mais curioso é que, mesmo que os dados de inflação possam continuar elevados, os traders já apostam em força que a Fed vai cortar as taxas em 25 pontos base na próxima semana, com uma probabilidade de 87%! O analista da Natixis, Janasiewicz, explica: neste momento, o que mais preocupa os decisores já não é a inflação, mas sim um colapso no mercado de trabalho. Por isso, podem acabar por “ignorar” os dados de inflação, que são sempre atrasados, e tomar medidas preventivas para salvar os mercados.

Neste momento, os touros e os ursos estão prontos para batalha. Se o PCE superar as expectativas, é provável que as bolsas sofram; mas se a inflação realmente arrefecer, a recuperação pode ganhar asas. Para o mercado cripto, a história é igual — ETH e outras moedas principais vão continuar, no curto prazo, a ser guiadas por estes dados macroeconómicos.

Hoje às 23h, hora de Lisboa, teremos a resposta. Prendam a respiração.