Por detrás do banho de sangue no mercado: estará em risco aquele gigantesco negócio de arbitragem de 30 anos?

Hoje, o mercado cripto passou por uma verdadeira purga. O preço do BTC chegou a atingir 85.600 dólares, com mais de 200 mil traders liquidados à força em toda a rede. O mercado financeiro tradicional também não escapou ileso — o índice Nikkei 225 ultrapassou a barreira dos 50.000 pontos, o iene valorizou-se rapidamente face ao dólar e a yield das obrigações do governo japonês a 2 anos disparou para o valor mais alto desde a crise financeira de 2008.

A origem deste colapso em cadeia apontou, surpreendentemente, para uma declaração do governador do Banco do Japão.

Muitos não sabem, mas nos últimos 30 anos existiu uma arbitragem de 20 biliões de dólares: pedir ienes emprestados no Japão a taxas próximas de zero, trocar por dólares e investir em ativos de elevado rendimento como ações norte-americanas, dívida dos EUA e criptoativos, lucrando com o diferencial de taxas. A política de taxas ultrabaixas mantida pelo Japão fez do iene o instrumento de financiamento mais barato do mundo. Hedge funds, bancos de investimento, fundos de pensões e até investidores particulares recorreram massivamente a este efeito de alavanca. O que representam 20 biliões de dólares? Equivalem a 5 vezes o PIB anual do Japão, 18% da economia mundial e um terço do valor total do mercado bolsista dos EUA.

Se o iene subir as taxas de juro, as regras do jogo mudam por completo.

Primeiro, o custo de financiamento aumenta. Antes, pedir ienes emprestados era praticamente grátis; após o aumento das taxas, o custo pode subir para 0,5% ou mais, comprimindo as margens de arbitragem. Depois, há o impacto cambial. Supondo que pede 100 milhões de ienes emprestados à taxa de câmbio de 150 para comprar BTC, quando o iene valoriza para 145,