Por Que Essas 10 Moedas Perderam Tanto Valor em 2025

Um amigo viajando pelo Líbano me enviou uma foto que não saía da minha cabeça: ele segurava um maço de notas que parecia ter saído de um jogo de tabuleiro. Mais de 50 mil libras libanesas nas mãos. O valor real? Cerca de R$ 3,00. Essa imagem me fez refletir sobre algo que raramente pensamos: enquanto reclamamos do dólar a R$ 5,44 aqui no Brasil, existem populações inteiras que convivem com moedas que simplesmente não conseguem manter valor no tempo. O real brasileiro chegou a 2024 como a pior moeda do mundo entre as principais, desvalorizando 21,52%, mas até isso palidece perto do que você verá neste ranking de 2025.

Os Pilares da Desvalorização: Por Trás das Moedas Fracas

Antes de listar as moedas menos valorizadas do mundo, é importante entender por que algumas desabam enquanto outras resistem. Não é acaso, é arquitetura econômica quebrada.

Inflação galopante: No Brasil, 5% de inflação anual nos deixa preocupados. Agora imagine países onde os preços dobram mensalmente. É a chamada hiperinflação — aquele fenômeno que devora economias inteiras e transforma salários em migalhas.

Caos político permanente: Golpes de Estado, conflitos internos, governança instável. Quando não há segurança jurídica, o capital foge e a moeda vira apenas papel colorido, destituída de qualquer valor real.

Isolamento econômico internacional: Sanções, barreiras comerciais, exclusão do sistema financeiro global. Um país isolado tem sua moeda reduzida a uma peça de museu.

Cofres vazios de reservas: Sem dólares ou ouro nos bancos centrais, não há com o que defender a moeda quando ela despenca. É como estar sem munição em uma batalha cambial.

Êxodo de capitais: Quando cidadãos preferem guardar moedas estrangeiras debaixo do colchão em vez de sua própria moeda, você sabe que tudo desabou. A confiança virou poeira.

Toda moeda fraca esconde uma economia fragilizada. E é nesse cenário que as dez moedas a seguir encontram seu lugar.

As 10 Moedas Menos Valorizadas do Mundo em 2025

1. Libra Libanesa (LBP) — O Colapso Absoluto

Cotação: 1 milhão LBP = R$ 61,00

A Libra Libanesa é o símbolo máximo do colapso monetário contemporâneo. Oficialmente, deveria haver 1.507,5 libras por dólar. Na prática, desde 2020, essa taxa existe apenas em papéis. No mercado real, você precisa de mais de 90 mil libras para um dólar.

Bancos limitam saques. Comércios recusam a moeda local. Em Beirute, motoristas de transporte por aplicativo exigem pagamento em dólar — a moeda nacional não tem mais credibilidade. É o pior caso de desmonetização de uma moeda fraca em funcionamento.

2. Rial Iraniano (IRR) — Sanções e Hiperinflação

Cotação: 1 real brasileiro = 7.751,94 riais iranianos

As sanções americanas transformaram o rial em moeda descartável. Com apenas R$ 100, você vira “milionário” em riais iranianos. O governo tenta controlar câmbio, mas a realidade das ruas é outra — múltiplas cotações paralelas convivem.

Jovens iranianos migraram em massa para criptomoedas. Bitcoin e Ethereum se tornaram reservas de valor mais confiáveis que a moeda estatal. Para quem precisa proteger poupanças, elas viram a alternativa real.

3. Rial Vietnamita (VND) — Fraqueza Histórica em Economia Crescente

Cotação: Cerca de 25.000 VND por dólar

O Vietnã é economicamente dinâmico, mas seu dong permanece historicamente enfraquecido por decisões de política monetária. Sacar 1 milhão de dongs no caixa eletrônico parece uma cena de filme de roubo — você sai com um maço que impressiona, mas não vale quase nada.

Para turistas, é perfeito: US$ 50 te fazem sentir milionário. Para vietnamitas, significa que importações encarecem e o poder de compra internacional evanesce.

4. Kip Laosiano (LAK) — Economia Pequena em Isolamento

Cotação: Cerca de 21.000 LAK por dólar

O Laos padece com economia reduzida, alta dependência de importações e inflação endêmica. O kip é tão fraco que, na fronteira com a Tailândia, comerciantes preferem receber baht tailandês. A moeda menos valorizada do mundo em certos contextos regionais.

5. Rupia Indonésia (IDR) — Força Econômica, Moeda Fraca

Cotação: Aproximadamente 15.500 IDR por dólar

Paradoxo interessante: a Indonésia é a maior economia do Sudeste Asiático, mas sua rupia nunca conseguiu se fortalecer desde 1998. É historicamente fraca. Para turistas brasileiros, Bali oferece um luxo absurdo — com R$ 200 diários você vive como aristocrata.

6. Som Uzbeque (UZS) — Reformas Lentas em Economia Fechada

Cotação: Cerca de 12.800 UZS por dólar

O Uzbequistão implementou reformas econômicas nos últimos anos, mas o som ainda carrega o peso de décadas de isolamento e economia centralmente planejada. Investimentos estrangeiros aumentam, mas a moeda segue desvalorizada.

7. Franco Guineense (GNF) — Recursos Naturais, Política Frágil

Cotação: Aproximadamente 8.600 GNF por dólar

A Guiné possui ouro e bauxita em abundância, mas é um clássico: riqueza de recursos, fraqueza de moeda. Instabilidade política e corrupção enraizada impedem que a riqueza mineral se converta em moeda forte e confiável.

8. Guarani Paraguaio (PYG) — Vizinho com Moeda Historicamente Fraca

Cotação: Cerca de 7,42 PYG por real

Nosso vizinho paraguaio mantém economia relativamente equilibrada, mas o guarani é tradicionalmente débil. Consequência para nós: Ciudad del Este permanece um paraíso de compras baratas para consumidores brasileiros.

9. Ariary Malgaxe (MGA) — Pobreza Refletida na Moeda

Cotação: Aproximadamente 4.500 MGA por dólar

Madagascar está entre as nações mais pobres do planeta, e seu ariary reflete essa realidade brutalmente. Importações ficam proibitivamente caras. A população tem poder de compra internacional praticamente nulo.

10. Franco do Burundi (BIF) — Instabilidade Política Extrema

Cotação: Cerca de 550,06 BIF por real

Fechando o ranking, uma moeda tão enfraquecida que transações significativas exigem carregar sacolas de dinheiro. A instabilidade política crônica do Burundi se manifesta diretamente no franco, tornando-o praticamente inútil para qualquer perspectiva econômica moderna.

O Que Esses Números Realmente Significam

Essas moedas menos valorizadas do mundo não representam apenas curiosidade financeira — são lições vivas de como economia política, confiança institucional e estabilidade geopolítica determinam o destino de uma moeda.

Para investidores brasileiros, as takeaways são claras:

Moedas fracas parecem oportunidades, mas escondem abismos. Países com desvalorizações extremas enfrentam crises profundas que vão além da câmbio.

Turismo e consumo oferecem vantagens reais. Destinos com moedas depreciadas podem ser financeiramente vantajosos para quem chega com divisas fortes.

Macroeconomia não é teoria abstrata. Observar como inflação, corrupção e instabilidade destroem moedas em tempo real é um mestrado acelerado em finanças internacionais.

Acompanhar essas dinâmicas ajuda a compreender por que confiança, estabilidade institucional e governança sólida são os alicerces de qualquer moeda forte. Moedas fracas são sintomas de economias doentes — e entender essa conexão é essencial para tomar decisões de investimento em um mundo onde fronteiras não protegem mais ninguém.

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