A semana encerrou com sinais mistos no complexo do açúcar, com os contratos de março de Nova York fechando +0,07 (+0,46%) perto de máximas de 5 semanas, enquanto o açúcar branco ICE de Londres #5 recuou -1,00 (-0,23%). Por trás desses movimentos modestos de preço, encontra-se uma tensão fundamental que está a remodelar a narrativa do mercado.
Ventos favoráveis cambiais encontram obstáculos na oferta
A força da pesquisa quantitativa nos mercados de commodities torna-se evidente ao analisar a dinâmica cambial. A valorização do real brasileiro para máximas de 1 semana contra o dólar cria um suporte de preço de curto prazo ao diminuir os incentivos à exportação por parte dos produtores—um exemplo clássico de como a mecânica da taxa de câmbio influencia diretamente os fluxos globais de commodities agrícolas. No entanto, essa fricção a nível micro oculta forças baixistas mais profundas e estruturais.
A recente revisão de baixa da StoneX na produção de Center-South do Brasil para 41,5 MMT (de 42,1 MMT estimados em setembro) proporcionou um alívio temporário, mas o quadro mais amplo apresenta uma história diferente: a Conab elevou sua previsão de produção de açúcar no Brasil para 45 MMT na safra 2025/26, com dados de outubro mostrando um aumento de +16,4% ano a ano nas volumes de moagem do Center-South para 2,068 MT. A produção acumulada de 2025-26 até outubro atingiu 38,085 MMT, um aumento de +1,6% ao ano.
Explosão de produção na Índia redefine dinâmicas comerciais
A narrativa da Índia mudou drasticamente quando a Associação de Engenhos de Açúcar elevou sua estimativa de produção para 2025/26 para 31 MMT (aumento de +18,8% y/y em relação às 30 MMT anteriores). Ainda mais importante, as projeções reduzidas de moagem de etanol—cortadas para 3,4 MMT de 5 MMT previstas em julho—agora liberam produção para os mercados de exportação. Com as chuvas de monção 8% acima da média de 5 anos, em 937,2 mm, e a Federação Nacional projetando que a produção possa atingir 34,9 MMT (+19% y/y), os volumes de exportação enfrentam pressão de alta, apesar dos limites de quota do governo de 1,5 MMT para 2025/26.
Uma tempestade perfeita de oferta começa a tomar forma
A Tailândia, terceira maior produtora e segunda maior exportadora do mundo, contribui com sua própria expansão de volume. A Thai Sugar Millers Corp projeta um aumento de +5% y/y para 10,5 MMT em 2025/26, consolidando o salto de +14% y/y para 10,00 MMT em 2024/25.
A última previsão de excedente da Organização Internacional do Açúcar de 1,625 milhão de MT para 2025-26 (reversando um déficit de 2,916 milhões de MT no ano anterior) reflete essas realidades de produção. De forma mais agressiva, a Czarnikow elevou sua estimativa de excedente global para 8,7 MMT em 2025/26, uma revisão de +1,2 MMT em relação às projeções de setembro. As previsões do USDA indicam que a produção global deve subir +4,7% y/y para um recorde de 189,318 MMT, enquanto o crescimento do consumo é de apenas +1,4% y/y, atingindo 177,921 MMT, com estoques finais expandindo +7,5% y/y para 41,188 MMT.
As projeções da FAS sustentam essas preocupações: a produção do Brasil em 2025/26 deve aumentar +2,3% y/y para 44,7 MMT, a Índia acelerando +25% y/y para 35,3 MMT devido às boas condições de monção e expansão de área plantada, e a Tailândia avançando +2% y/y para 10,3 MMT.
O caminho a seguir
O suporte cambial proporcionado pela valorização do real brasileiro oferece alívio tático, e as deliberações sobre a política de etanol na Índia injetam incerteza nas trajetórias de exportação. No entanto, a força da pesquisa quantitativa na mapeação da capacidade de produção em múltiplas origens sugere que as forças gravitacionais do lado da oferta provavelmente irão sobrepor-se aos efeitos cambiais de curto prazo. O mínimo de 4,75 anos de Londres em 13 de novembro e o mínimo de 5 anos de Nova York em 6 de novembro representam momentos decisivos que refletem essa reavaliação estrutural.
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Mercado Global de Açúcar em Encruzilhada: Dados Quantitativos Revelam Aumento da Produção Compensando Apoio Lastreado em Ativos Reais
A semana encerrou com sinais mistos no complexo do açúcar, com os contratos de março de Nova York fechando +0,07 (+0,46%) perto de máximas de 5 semanas, enquanto o açúcar branco ICE de Londres #5 recuou -1,00 (-0,23%). Por trás desses movimentos modestos de preço, encontra-se uma tensão fundamental que está a remodelar a narrativa do mercado.
Ventos favoráveis cambiais encontram obstáculos na oferta
A força da pesquisa quantitativa nos mercados de commodities torna-se evidente ao analisar a dinâmica cambial. A valorização do real brasileiro para máximas de 1 semana contra o dólar cria um suporte de preço de curto prazo ao diminuir os incentivos à exportação por parte dos produtores—um exemplo clássico de como a mecânica da taxa de câmbio influencia diretamente os fluxos globais de commodities agrícolas. No entanto, essa fricção a nível micro oculta forças baixistas mais profundas e estruturais.
A recente revisão de baixa da StoneX na produção de Center-South do Brasil para 41,5 MMT (de 42,1 MMT estimados em setembro) proporcionou um alívio temporário, mas o quadro mais amplo apresenta uma história diferente: a Conab elevou sua previsão de produção de açúcar no Brasil para 45 MMT na safra 2025/26, com dados de outubro mostrando um aumento de +16,4% ano a ano nas volumes de moagem do Center-South para 2,068 MT. A produção acumulada de 2025-26 até outubro atingiu 38,085 MMT, um aumento de +1,6% ao ano.
Explosão de produção na Índia redefine dinâmicas comerciais
A narrativa da Índia mudou drasticamente quando a Associação de Engenhos de Açúcar elevou sua estimativa de produção para 2025/26 para 31 MMT (aumento de +18,8% y/y em relação às 30 MMT anteriores). Ainda mais importante, as projeções reduzidas de moagem de etanol—cortadas para 3,4 MMT de 5 MMT previstas em julho—agora liberam produção para os mercados de exportação. Com as chuvas de monção 8% acima da média de 5 anos, em 937,2 mm, e a Federação Nacional projetando que a produção possa atingir 34,9 MMT (+19% y/y), os volumes de exportação enfrentam pressão de alta, apesar dos limites de quota do governo de 1,5 MMT para 2025/26.
Uma tempestade perfeita de oferta começa a tomar forma
A Tailândia, terceira maior produtora e segunda maior exportadora do mundo, contribui com sua própria expansão de volume. A Thai Sugar Millers Corp projeta um aumento de +5% y/y para 10,5 MMT em 2025/26, consolidando o salto de +14% y/y para 10,00 MMT em 2024/25.
A última previsão de excedente da Organização Internacional do Açúcar de 1,625 milhão de MT para 2025-26 (reversando um déficit de 2,916 milhões de MT no ano anterior) reflete essas realidades de produção. De forma mais agressiva, a Czarnikow elevou sua estimativa de excedente global para 8,7 MMT em 2025/26, uma revisão de +1,2 MMT em relação às projeções de setembro. As previsões do USDA indicam que a produção global deve subir +4,7% y/y para um recorde de 189,318 MMT, enquanto o crescimento do consumo é de apenas +1,4% y/y, atingindo 177,921 MMT, com estoques finais expandindo +7,5% y/y para 41,188 MMT.
As projeções da FAS sustentam essas preocupações: a produção do Brasil em 2025/26 deve aumentar +2,3% y/y para 44,7 MMT, a Índia acelerando +25% y/y para 35,3 MMT devido às boas condições de monção e expansão de área plantada, e a Tailândia avançando +2% y/y para 10,3 MMT.
O caminho a seguir
O suporte cambial proporcionado pela valorização do real brasileiro oferece alívio tático, e as deliberações sobre a política de etanol na Índia injetam incerteza nas trajetórias de exportação. No entanto, a força da pesquisa quantitativa na mapeação da capacidade de produção em múltiplas origens sugere que as forças gravitacionais do lado da oferta provavelmente irão sobrepor-se aos efeitos cambiais de curto prazo. O mínimo de 4,75 anos de Londres em 13 de novembro e o mínimo de 5 anos de Nova York em 6 de novembro representam momentos decisivos que refletem essa reavaliação estrutural.