Por que as Reservas de Ouro da Europa em Manhattan Estão Agora Sob Intensa Vigilância

O panorama do armazenamento de ouro dos bancos centrais globais está a mudar drasticamente. Uma onda de pressão política por toda a Europa—particularmente na Alemanha e Itália—está a forçar uma reflexão sobre suposições de décadas acerca de onde as reservas de ouro nacionais devem realmente residir.

Os Números por Trás do Movimento

A Alemanha e a Itália juntas detêm mais de $245 mil milhões em reservas de ouro, posicionando-se como as segundas e terceiras maiores nações a acumular ouro no mundo. Mas aqui está o truque: uma grande porção está guardada em cofres abaixo do Federal Reserve Bank de Manhattan, uma configuração enraizada em acordos financeiros pós-Segunda Guerra Mundial, quando Nova Iorque era o centro indiscutível do comércio global de ouro.

Hoje, essa configuração já não é uma certeza confortável. A Alemanha atualmente tem 37 por cento do seu ouro estacionado no estrangeiro, apesar de esforços para trazer parte dele de volta. A Itália mantém 43 por cento das suas reservas sob custódia dos EUA—uma concentração que está a levantar cada vez mais suspeitas entre os responsáveis políticos e comentadores europeus.

O Catalisador: Preocupações Políticas e Económicas

O timing desta análise não é por acaso. Declarações recentes do Presidente dos EUA, Donald Trump—particularmente os seus avisos sobre potencialmente “forçar algo” se o Federal Reserve não cumprir com cortes de taxas—têm abalado a confiança na independência das instituições financeiras americanas.

“Trump quer controlar o Fed, o que também significaria controlar as reservas de ouro alemãs nos EUA,” declarou Michael Jäger, presidente da Taxpayers Association of Europe, segundo a Reuters. “É o nosso dinheiro, deve ser trazido de volta.”

Na Itália, o comentador económico Enrico Grazzini soou o alarme no Il Fatto Quotidiano, alertando que manter 43 por cento do ouro italiano sob “uma administração Trump pouco confiável é muito perigoso para o interesse nacional.”

Estas não são vozes marginais. Fabio De Masi, ex-membro do Parlamento Europeu agora com o partido alemão BSW, disse ao Financial Times que há “argumentos fortes” para repatriar mais ouro para solo alemão.

Precedente Histórico: O Plano de Repatriação da Alemanha

Esta conversa não é totalmente nova. A experiência da Alemanha oferece um roteiro. Um movimento popular iniciado em 2010 pressionou o Bundesbank a realizar uma operação de repatriamento de vários anos entre 2013 e 2017, trazendo 674 toneladas métricas de volta de Nova Iorque e Paris a um custo de 7 milhões de euros. O resultado: até 2020, metade do ouro da Alemanha estava estacionada no país.

O partido italiano Irmãos de Itália, que governa, fez promessas semelhantes em 2019, comprometendo-se a recuperar o ouro do país. No entanto, desde que assumiu o poder em 2022, a Primeira-Ministra Giorgia Meloni praticamente deixou a questão de lado.

A Mudança Mais Ampla nos Bancos Centrais

O que é impressionante é como o sentimento está a mudar em todo o mundo dos bancos centrais. A última pesquisa do World Gold Council sobre reservas de ouro dos bancos centrais revelou que 43 por cento das instituições respondentes planeiam aumentar as suas reservas no próximo ano—um recorde. Ainda mais revelador: 59 por cento agora reportam possuir pelo menos algum ouro no país, uma subida acentuada em relação aos apenas 41 por cento em 2024.

O consenso esmagador (95 por cento dos respondentes) espera que as reservas globais de ouro dos bancos centrais continuem a aumentar, impulsionadas pelo desempenho do ouro em crises, propriedades de proteção contra a inflação e benefícios de diversificação de portfólio.

No entanto, a pesquisa também documenta uma mudança de preferência para armazenamento doméstico: apenas 7 por cento dos bancos centrais planejaram aumentar o armazenamento interno no ano passado, mas esse número aumentou significativamente em 2025. Enquanto o Banco de Inglaterra continua a ser a localização preferida para cofres, a custódia americana está a perder o seu apelo tradicional.

A Questão da Auditoria: Uma Mudança de Jogo

Outra força que aumenta a pressão é o House Bill 3795, apresentado pelo Representante Thomas Massie e apoiado por co-patrocinadores, que exige a primeira auditoria abrangente das reservas de ouro dos EUA em mais de 60 anos. O projeto de lei exigiria um inventário físico completo e análise do ouro em Fort Knox, West Point e na Casa da Moeda de Denver, além de uma contabilidade forense de todas as transações de ouro dos EUA nas últimas cinco décadas.

Jp Cortez, diretor executivo da Sound Money Defense League, destacou numa entrevista ao Investing News Network que a questão central é a propriedade: “Se os EUA realmente não possuem o ouro, se ele foi empenhado, alugado, trocado ou de outra forma onerado, isso seria um grande prejuízo para os EUA e para a economia global.”

Cortez também observou que as auditorias anteriores dos EUA examinaram os recipientes de armazenamento, e não o metal em si, e alertou que grande parte do ouro do governo dos EUA é impuro pelos padrões modernos, tendo sido fundido de moedas antigas. Essas questões de refinamento persistiriam mesmo que as barras fossem verificadas fisicamente.

O próprio Trump sinalizou interesse, afirmando: “Vamos mesmo para Fort Knox para ver se o ouro está lá. Porque talvez alguém tenha roubado o ouro. Toneladas de ouro.”

O Que Vem a Seguir

A convergência dessas forças—ceticismo político na Alemanha e Itália, mudanças nas preferências dos bancos centrais por armazenamento interno, e renovados pedidos de auditorias ao ouro dos EUA—sugere que a era de uma custódia inquestionável do ouro americano pode estar a chegar ao fim. Se a Europa avançará de forma agressiva para repatriar, permanece uma questão em aberto, mas a pressão subjacente está claramente a aumentar.

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