A Divisão do Mercado de Café: Arabica a Subir, Robusta a Lutar
Os contratos de café arabica de março subiram +7,10 pontos (+1,92%) na segunda-feira, enquanto os futuros de robusta de janeiro caíram -53 pontos (-1,18%). A divergência reflete uma história de dois mercados de café, cada um enfrentando pressões de oferta distintas que estão a remodelar a dinâmica dos preços.
Período de Secura na Faixa de Café do Brasil Desencadeia Sentimento de Alta
A valorização do café arabica resulta das condições de secura na maior região de cultivo do Brasil. A Somar Meteorologia informou que Minas Gerais recebeu apenas 26,4 mm de chuva durante a semana que terminou a 21 de novembro—apenas 49% da sua média histórica. Este défice de humidade deixou os traders nervosos quanto às perspetivas de colheita, especialmente com a aproximação da temporada 2026/27.
O timing é importante. Na sexta-feira passada, o arabica caiu para um mínimo de sete semanas após o Presidente Trump assinar uma ordem executiva que isenta produtos alimentares brasileiros de tarifas, incluindo a sobretaxa de 40% sobre o café brasileiro. A recuperação de segunda-feira sugere que as preocupações com a seca estão agora a superar a narrativa do alívio tarifário.
Como as Tarifas Remodelaram os Fluxos de Café
A saga das tarifas perturbou os padrões habituais de importação. As compras dos EUA de café brasileiro de agosto a outubro caíram 52% em relação ao ano anterior, para 983.970 sacos, à medida que os compradores americanos cancelaram encomendas. Este efeito de tesoura—tarifas cortando o fornecimento de um lado enquanto a procura persiste do outro—esgotou os estoques de arabica na ICE para um mínimo de 1,75 anos, de 398.645 sacos na última quinta-feira.
De forma semelhante, os stocks de robusta na ICE atingiram um mínimo de 4,5 meses, de 5.370 lotes, na segunda-feira. Cerca de um terço do café não torrado dos EUA provém do Brasil, pelo que o choque tarifário criou uma verdadeira escassez de fornecimentos disponíveis.
O Alívio do Tempo no Vietname Pressiona a Robusta
O café robusta enfrentou obstáculos vindos do Vietname, o maior produtor mundial de robusta. Chuvas intensas atrasaram a colheita na província de Dak Lak, a principal zona de café do Vietname. No entanto, previsões de clima mais seco irão acelerar a colheita—potencialmente inundando o mercado com nova oferta.
Os dados de exportação de café do Vietname destacam o impulso na oferta. De janeiro a outubro de 2025, as exportações aumentaram 13,4% em relação ao ano anterior, para 1,31 milhões de toneladas métricas. A colheita de 2025/26 está projetada atingir 1,76 milhões de toneladas métricas (29,4 milhões de sacos), um máximo de quatro anos e um aumento de 6%. A Associação de Café e Cacau do Vietname sugeriu ainda que a produção poderia subir 10% acima do ano anterior se o clima colaborar—um sinal de baixa para os preços do robusta.
Previsões de Produção Global de Café: Crescimento à Vista
A Organização Internacional do Café informou a 7 de novembro que as exportações globais de café para o ano de comercialização atual (Outubro-Setembro) caíram 0,3% em relação ao ano anterior, para 138,658 milhões de sacos—um sinal de escassez a curto prazo.
Olhando para o futuro, no entanto, o crescimento da produção é uma possibilidade. O Serviço de Agricultura Estrangeira do USDA projetou em junho que a produção mundial de café em 2025/26 aumentará 2,5% em relação ao ano anterior, atingindo um recorde de 178,68 milhões de sacos. Dentro desse total, a produção de arabica diminuirá 1,7%, para 97,022 milhões de sacos, enquanto a de robusta crescerá 7,9%, para 81,658 milhões de sacos.
O Brasil apresenta sinais mistos. A Conab, agência de previsão de colheitas do Brasil, reduziu em setembro a sua estimativa de arabica para 2025 em 4,9%, para 35,2 milhões de sacos (abaixo da previsão de maio de 37,0 milhões). A produção total de café do Brasil caiu 0,9%, para 55,2 milhões de sacos. No entanto, a StoneX previu na quarta-feira que a colheita de 2026/27 irá recuperar fortemente, atingindo um total de 70,7 milhões de sacos, com a produção de arabica a subir 29% em relação ao ano anterior, para 47,2 milhões de sacos.
A FAS espera que a produção do Brasil em 2025/26 aumente modestamente 0,5%, para 65 milhões de sacos, enquanto a colheita do Vietname sobe 6,9%, para 31 milhões de sacos, atingindo um máximo de quatro anos.
O Wildcard dos Inventários
As stocks finais globais para 2025/26 estão projetadas a crescer 4,9%, para 22,819 milhões de sacos, de 21,752 milhões em 2024/25. Este colchão de inventário poderá, em última análise, limitar o potencial de subida dos preços do arabica, mesmo com as preocupações de seca no Brasil a persistirem a curto prazo.
O mercado de café continua a ser uma luta entre o aperto de fornecimentos a curto prazo e o crescimento da produção no horizonte. Os traders de arabica estão a precificar o risco de seca; os traders de robusta preparam-se para a enchente de colheitas que se avizinha.
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A seca de café brasileira desencadeia uma valorização à medida que os fornecimentos globais se estreitam
A Divisão do Mercado de Café: Arabica a Subir, Robusta a Lutar
Os contratos de café arabica de março subiram +7,10 pontos (+1,92%) na segunda-feira, enquanto os futuros de robusta de janeiro caíram -53 pontos (-1,18%). A divergência reflete uma história de dois mercados de café, cada um enfrentando pressões de oferta distintas que estão a remodelar a dinâmica dos preços.
Período de Secura na Faixa de Café do Brasil Desencadeia Sentimento de Alta
A valorização do café arabica resulta das condições de secura na maior região de cultivo do Brasil. A Somar Meteorologia informou que Minas Gerais recebeu apenas 26,4 mm de chuva durante a semana que terminou a 21 de novembro—apenas 49% da sua média histórica. Este défice de humidade deixou os traders nervosos quanto às perspetivas de colheita, especialmente com a aproximação da temporada 2026/27.
O timing é importante. Na sexta-feira passada, o arabica caiu para um mínimo de sete semanas após o Presidente Trump assinar uma ordem executiva que isenta produtos alimentares brasileiros de tarifas, incluindo a sobretaxa de 40% sobre o café brasileiro. A recuperação de segunda-feira sugere que as preocupações com a seca estão agora a superar a narrativa do alívio tarifário.
Como as Tarifas Remodelaram os Fluxos de Café
A saga das tarifas perturbou os padrões habituais de importação. As compras dos EUA de café brasileiro de agosto a outubro caíram 52% em relação ao ano anterior, para 983.970 sacos, à medida que os compradores americanos cancelaram encomendas. Este efeito de tesoura—tarifas cortando o fornecimento de um lado enquanto a procura persiste do outro—esgotou os estoques de arabica na ICE para um mínimo de 1,75 anos, de 398.645 sacos na última quinta-feira.
De forma semelhante, os stocks de robusta na ICE atingiram um mínimo de 4,5 meses, de 5.370 lotes, na segunda-feira. Cerca de um terço do café não torrado dos EUA provém do Brasil, pelo que o choque tarifário criou uma verdadeira escassez de fornecimentos disponíveis.
O Alívio do Tempo no Vietname Pressiona a Robusta
O café robusta enfrentou obstáculos vindos do Vietname, o maior produtor mundial de robusta. Chuvas intensas atrasaram a colheita na província de Dak Lak, a principal zona de café do Vietname. No entanto, previsões de clima mais seco irão acelerar a colheita—potencialmente inundando o mercado com nova oferta.
Os dados de exportação de café do Vietname destacam o impulso na oferta. De janeiro a outubro de 2025, as exportações aumentaram 13,4% em relação ao ano anterior, para 1,31 milhões de toneladas métricas. A colheita de 2025/26 está projetada atingir 1,76 milhões de toneladas métricas (29,4 milhões de sacos), um máximo de quatro anos e um aumento de 6%. A Associação de Café e Cacau do Vietname sugeriu ainda que a produção poderia subir 10% acima do ano anterior se o clima colaborar—um sinal de baixa para os preços do robusta.
Previsões de Produção Global de Café: Crescimento à Vista
A Organização Internacional do Café informou a 7 de novembro que as exportações globais de café para o ano de comercialização atual (Outubro-Setembro) caíram 0,3% em relação ao ano anterior, para 138,658 milhões de sacos—um sinal de escassez a curto prazo.
Olhando para o futuro, no entanto, o crescimento da produção é uma possibilidade. O Serviço de Agricultura Estrangeira do USDA projetou em junho que a produção mundial de café em 2025/26 aumentará 2,5% em relação ao ano anterior, atingindo um recorde de 178,68 milhões de sacos. Dentro desse total, a produção de arabica diminuirá 1,7%, para 97,022 milhões de sacos, enquanto a de robusta crescerá 7,9%, para 81,658 milhões de sacos.
O Brasil apresenta sinais mistos. A Conab, agência de previsão de colheitas do Brasil, reduziu em setembro a sua estimativa de arabica para 2025 em 4,9%, para 35,2 milhões de sacos (abaixo da previsão de maio de 37,0 milhões). A produção total de café do Brasil caiu 0,9%, para 55,2 milhões de sacos. No entanto, a StoneX previu na quarta-feira que a colheita de 2026/27 irá recuperar fortemente, atingindo um total de 70,7 milhões de sacos, com a produção de arabica a subir 29% em relação ao ano anterior, para 47,2 milhões de sacos.
A FAS espera que a produção do Brasil em 2025/26 aumente modestamente 0,5%, para 65 milhões de sacos, enquanto a colheita do Vietname sobe 6,9%, para 31 milhões de sacos, atingindo um máximo de quatro anos.
O Wildcard dos Inventários
As stocks finais globais para 2025/26 estão projetadas a crescer 4,9%, para 22,819 milhões de sacos, de 21,752 milhões em 2024/25. Este colchão de inventário poderá, em última análise, limitar o potencial de subida dos preços do arabica, mesmo com as preocupações de seca no Brasil a persistirem a curto prazo.
O mercado de café continua a ser uma luta entre o aperto de fornecimentos a curto prazo e o crescimento da produção no horizonte. Os traders de arabica estão a precificar o risco de seca; os traders de robusta preparam-se para a enchente de colheitas que se avizinha.