Quando se trata de escolher entre diferentes bônus, muitos investidores cometem o mesmo erro: fixar-se unicamente no cupão que paga o título. No entanto, existe uma ferramenta fundamental que revela a rentabilidade real: a fórmula TIR, sigla de Taxa Interna de Retorno.
Por que a TIR é mais confiável que o cupão?
Imagine dois bônus: um paga 8% de cupão, outro apenas 5%. A primeira vista, escolherias o primeiro. Mas aqui está o truque: se compraste o bônus de 8% a um preço muito elevado (por cima do seu valor nominal), quando se aproximar o vencimento perderás dinheiro na reversão. Em troca, o bônus de 5% comprado a bom preço poderia oferecer-te uma rentabilidade superior.
Esta é precisamente a função da TIR: capturar não só os rendimentos por cupões, mas também o ganho ou perda que obterás pelo diferencial de preço.
Entendendo o funcionamento de um título de renda fixa
Um bônus ordinário funciona assim:
Adquires o título a um preço determinado no mercado
Recebes pagamentos periódicos (cupões) que costumam ser anuais, semestrais ou trimestrais
No vencimento, recuperas o nominal (100€ por cada 100€ de valor de face) mais o último cupão
O preço do bônus oscila constantemente durante a sua vigência. Dependendo de onde compres, estarás numa de três situações:
Compra abaixo do par: Adquires por abaixo do nominal (ex. 94,5€ em vez de 100€). Isto amplifica a tua rentabilidade.
Compra ao par: Pagas exatamente o valor nominal (100€). Sem ganho nem perda adicional.
Compra acima do par: Compras por acima do nominal (ex. 107,5€). Isto reduz a tua rentabilidade final.
A fórmula TIR: Como calculá-la
A fórmula da TIR relaciona o preço atual do bônus, os cupões periódicos que receberás e o tempo até ao vencimento:
Para quem não deseja resolver equações complexas, existem calculadoras online especializadas que fazem o trabalho automaticamente.
Exemplo prático de cálculo
Caso 1 - Compra abaixo do par:
Um bônus cotiza a 94,5€, paga 6% ao ano e vence em 4 anos.
Aplicando a fórmula TIR = 7,62%
Repara como a TIR (7,62%) supera o cupão (6%) graças ao preço de compra vantajoso.
Caso 2 - Compra acima do par:
O mesmo bônus cotiza a 107,5€ (preço elevado).
Aplicando a fórmula TIR = 3,93%
Aqui a TIR cai significativamente, demonstrando que o sobrepreço pago é um entrave para a rentabilidade.
Diferenças-chave entre TIR, TIN e TAE
É crucial não confundir estas três métricas:
TIR (Taxa Interna de Retorno): Rentabilidade real descontando fluxos de caixa. Específica para bônus e projetos de investimento.
TIN (Tipo de Juros Nominal): A taxa acordada sem custos adicionais. É o tipo de juros mais puro.
TAE (Taxa Anual Equivalente): Inclui comissões, seguros e despesas ocultas. O Banco de Espanha recomenda-a para comparar ofertas de financiamento.
Por exemplo, uma hipoteca pode ter TIN de 2% mas TAE de 3,26% por incluir comissão de abertura e seguros.
Factores que determinam a TIR
Vários elementos influenciam diretamente o resultado:
O cupão: Quanto maior o cupão, maior TIR. Inversamente proporcional se o cupão diminuir.
O preço de compra: Se estiver abaixo do par, a TIR melhora. Se estiver acima, piora.
Características especiais: Alguns bônus (convertíveis, ligados à inflação) têm variáveis adicionais que condicionam a sua TIR consoante a evolução de ativos subjacentes.
O que os investidores devem saber
A TIR é a tua bússola para identificar oportunidades reais de investimento em renda fixa. Não te deixes enganar por cupões atrativos sem verificar o preço de entrada.
No entanto, lembra um ponto crítico: a TIR não garante ganho se o emissor do bônus estiver em risco de insolvência. Durante a crise grega de 2012, os bônus helénicos chegaram a cotizar com TIR superior a 19%, reflexo da angústia do mercado. Só a intervenção da Zona Euro evitou o default. Por isso, sempre valida a qualidade de crédito do emissor antes de te decidires pelo ativo com TIR mais elevada.
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A TIR em renda fixa: Por que muitos investidores se enganam ao escolher títulos de dívida
Quando se trata de escolher entre diferentes bônus, muitos investidores cometem o mesmo erro: fixar-se unicamente no cupão que paga o título. No entanto, existe uma ferramenta fundamental que revela a rentabilidade real: a fórmula TIR, sigla de Taxa Interna de Retorno.
Por que a TIR é mais confiável que o cupão?
Imagine dois bônus: um paga 8% de cupão, outro apenas 5%. A primeira vista, escolherias o primeiro. Mas aqui está o truque: se compraste o bônus de 8% a um preço muito elevado (por cima do seu valor nominal), quando se aproximar o vencimento perderás dinheiro na reversão. Em troca, o bônus de 5% comprado a bom preço poderia oferecer-te uma rentabilidade superior.
Esta é precisamente a função da TIR: capturar não só os rendimentos por cupões, mas também o ganho ou perda que obterás pelo diferencial de preço.
Entendendo o funcionamento de um título de renda fixa
Um bônus ordinário funciona assim:
O preço do bônus oscila constantemente durante a sua vigência. Dependendo de onde compres, estarás numa de três situações:
Compra abaixo do par: Adquires por abaixo do nominal (ex. 94,5€ em vez de 100€). Isto amplifica a tua rentabilidade.
Compra ao par: Pagas exatamente o valor nominal (100€). Sem ganho nem perda adicional.
Compra acima do par: Compras por acima do nominal (ex. 107,5€). Isto reduz a tua rentabilidade final.
A fórmula TIR: Como calculá-la
A fórmula da TIR relaciona o preço atual do bônus, os cupões periódicos que receberás e o tempo até ao vencimento:
Preço = Σ [Cupão / (1 + TIR)^n] + [Nominal / (1 + TIR)^n]
Onde:
Para quem não deseja resolver equações complexas, existem calculadoras online especializadas que fazem o trabalho automaticamente.
Exemplo prático de cálculo
Caso 1 - Compra abaixo do par: Um bônus cotiza a 94,5€, paga 6% ao ano e vence em 4 anos.
Aplicando a fórmula TIR = 7,62%
Repara como a TIR (7,62%) supera o cupão (6%) graças ao preço de compra vantajoso.
Caso 2 - Compra acima do par: O mesmo bônus cotiza a 107,5€ (preço elevado).
Aplicando a fórmula TIR = 3,93%
Aqui a TIR cai significativamente, demonstrando que o sobrepreço pago é um entrave para a rentabilidade.
Diferenças-chave entre TIR, TIN e TAE
É crucial não confundir estas três métricas:
TIR (Taxa Interna de Retorno): Rentabilidade real descontando fluxos de caixa. Específica para bônus e projetos de investimento.
TIN (Tipo de Juros Nominal): A taxa acordada sem custos adicionais. É o tipo de juros mais puro.
TAE (Taxa Anual Equivalente): Inclui comissões, seguros e despesas ocultas. O Banco de Espanha recomenda-a para comparar ofertas de financiamento.
Por exemplo, uma hipoteca pode ter TIN de 2% mas TAE de 3,26% por incluir comissão de abertura e seguros.
Factores que determinam a TIR
Vários elementos influenciam diretamente o resultado:
O cupão: Quanto maior o cupão, maior TIR. Inversamente proporcional se o cupão diminuir.
O preço de compra: Se estiver abaixo do par, a TIR melhora. Se estiver acima, piora.
Características especiais: Alguns bônus (convertíveis, ligados à inflação) têm variáveis adicionais que condicionam a sua TIR consoante a evolução de ativos subjacentes.
O que os investidores devem saber
A TIR é a tua bússola para identificar oportunidades reais de investimento em renda fixa. Não te deixes enganar por cupões atrativos sem verificar o preço de entrada.
No entanto, lembra um ponto crítico: a TIR não garante ganho se o emissor do bônus estiver em risco de insolvência. Durante a crise grega de 2012, os bônus helénicos chegaram a cotizar com TIR superior a 19%, reflexo da angústia do mercado. Só a intervenção da Zona Euro evitou o default. Por isso, sempre valida a qualidade de crédito do emissor antes de te decidires pelo ativo com TIR mais elevada.