Muita gente pensa que a descida das taxas de juro equivale diretamente a uma subida dos preços, mas o impacto das operações de taxas de juro da Reserva Federal no mercado cripto não é assim tão direto.
Comecemos pela variável do dólar. Uma descida das taxas faz com que a rendibilidade dos ativos denominados em dólares baixe, pelo que o dinheiro procura naturalmente novas alternativas. Quando o dólar está fraco, os ativos cotados em dólares — o BTC é um exemplo típico — tendem a ter um bom desempenho.
Depois há a questão da liquidez. Taxas de juro baixas significam que é mais barato pedir dinheiro emprestado, há mais dinheiro no mercado e parte desse capital procura retorno em ativos de maior risco. Basta recordar a tendência de 2020 a 2021, que foi em grande parte um subproduto da política de liquidez da Reserva Federal.
Por fim, temos o fator emocional. Quando a Reserva Federal transmite sinais moderados, os investidores sentem-se mais confiantes e o capital flui dos ativos de refúgio, como obrigações e fundos de mercado monetário, para ações e criptomoedas; pelo contrário, quando há declarações mais duras, o dinheiro volta para zonas de segurança.
Estas três pistas, em conjunto, formam o seguinte percurso de transmissão: “Ajuste de política da Reserva Federal → Alterações na força do dólar/liquidez do mercado → Mudança na apetência pelo risco → Volatilidade nos preços dos ativos cripto”.
Voltando ao BTC em si. O mercado atribui-lhe atualmente dois rótulos: ou é “ouro digital”, ou é um “ativo de risco”.
Se for realmente ouro digital, deveria comportar-se como o ouro físico — valorizando-se quando o mercado colapsa, divergindo do comportamento das ações. Mas se for um ativo de risco, então deverá seguir o Nasdaq, beneficiando de períodos de liquidez abundante.
Os factos apontam mais para esta última hipótese. Dados da CME mostram que, desde 2020, a correlação do BTC com o Nasdaq 100 passou de quase zero para cerca de 0,4, tendo mesmo ultrapassado 0,7 nos picos. Portanto, nesta fase, talvez faça mais sentido encarar o BTC como um parente afastado das ações tecnológicas — pelo menos no curto prazo.
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GasFeeNightmare
· 12-10 21:54
Mais uma especulação de redução de juros? Todos fomos enganados, hein
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Ouro digital? Ri-me, o BTC já é há muito tempo a segunda ação tecnológica
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Aquela onda de estímulos de 2020-2021 eu não entrei, agora vendo essa correlação de 0.7 é realmente incrível
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Portanto, basicamente, o Federal Reserve imprime dinheiro → procura-se um lugar para ele → as criptomoedas sobem, operações contrárias também funcionam, né
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As duas faces das moedas podem ser usadas, a etiqueta de BTC é realmente irônica
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No jogo de liquidez, somos apenas personagens de cebola, nada de novo
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Dólar fraco faz a moeda subir, eu acredito nessa lógica, mas não totalmente, o mercado não é tão simples assim
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Seguidores do Nasdaq? Parece que o BTC está cada vez mais parecido com uma bolha tecnológica
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Redução de juros ≠ aumento direto, finalmente alguém explicou isso claramente
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Quanto ao sentimento, é a parte que mais não confio, investidores têm coragem? Ainda assim, foram forçados a entrar
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ChainChef
· 12-10 01:43
Epá, a receita é bem mais subtil do que simplesmente "Fed corta taxas = BTC dispara" lol. É tipo... tens de deixar os ingredientes a marinar bem primeiro, percebes? A fraqueza do dólar, a liquidez a apurar, o tempero do sentimento — tudo tem de se juntar na ordem certa ou o prato fica sem graça.
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LiquiditySurfer
· 12-10 01:41
Bem dito, finalmente alguém explicou esta lógica de forma clara. Antes via demasiadas pessoas a gritar por cortes nas taxas de juro e a fazer all in, a sério... lá vai ser preciso pagar propinas.
Aquela história do ouro digital até me faz rir, se fosse mesmo ouro já tinha ido comprar ouro, está mais do que visto que isto é só o primo dos tecnológicas.
Na vaga de liquidez de 20-21 enchi-me de dinheiro, agora só estou à espera que a Fed volte a fazer das suas.
A correlação passou de 0 para 0,7, o que é que estes dados mostram...? Que no fundo não conseguimos fugir ao destino tech.
Tem mesmo de se olhar para a direção do dólar, senão é fácil ser levado pelo sentimento do mercado, o dinheiro vai sempre para onde for mais barato.
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ApeShotFirst
· 12-10 01:24
Então, uma descida das taxas de juro não significa necessariamente uma subida, é preciso olhar para a direção do dólar? Esta lógica parece-me cada vez mais complexa, no ano passado bastava injetar liquidez que tudo subia, não era? Agora ainda é preciso ter em conta o sentimento do mercado...
Muita gente pensa que a descida das taxas de juro equivale diretamente a uma subida dos preços, mas o impacto das operações de taxas de juro da Reserva Federal no mercado cripto não é assim tão direto.
Comecemos pela variável do dólar. Uma descida das taxas faz com que a rendibilidade dos ativos denominados em dólares baixe, pelo que o dinheiro procura naturalmente novas alternativas. Quando o dólar está fraco, os ativos cotados em dólares — o BTC é um exemplo típico — tendem a ter um bom desempenho.
Depois há a questão da liquidez. Taxas de juro baixas significam que é mais barato pedir dinheiro emprestado, há mais dinheiro no mercado e parte desse capital procura retorno em ativos de maior risco. Basta recordar a tendência de 2020 a 2021, que foi em grande parte um subproduto da política de liquidez da Reserva Federal.
Por fim, temos o fator emocional. Quando a Reserva Federal transmite sinais moderados, os investidores sentem-se mais confiantes e o capital flui dos ativos de refúgio, como obrigações e fundos de mercado monetário, para ações e criptomoedas; pelo contrário, quando há declarações mais duras, o dinheiro volta para zonas de segurança.
Estas três pistas, em conjunto, formam o seguinte percurso de transmissão: “Ajuste de política da Reserva Federal → Alterações na força do dólar/liquidez do mercado → Mudança na apetência pelo risco → Volatilidade nos preços dos ativos cripto”.
Voltando ao BTC em si. O mercado atribui-lhe atualmente dois rótulos: ou é “ouro digital”, ou é um “ativo de risco”.
Se for realmente ouro digital, deveria comportar-se como o ouro físico — valorizando-se quando o mercado colapsa, divergindo do comportamento das ações. Mas se for um ativo de risco, então deverá seguir o Nasdaq, beneficiando de períodos de liquidez abundante.
Os factos apontam mais para esta última hipótese. Dados da CME mostram que, desde 2020, a correlação do BTC com o Nasdaq 100 passou de quase zero para cerca de 0,4, tendo mesmo ultrapassado 0,7 nos picos. Portanto, nesta fase, talvez faça mais sentido encarar o BTC como um parente afastado das ações tecnológicas — pelo menos no curto prazo.