A Reserva Federal dos EUA fez recentemente um novo movimento, aparentemente discreto, mas na realidade pode estar a injetar liquidez no mercado de forma dissimulada. Desde dezembro do ano passado, o FOMC suspendeu o reinvestimento ao estilo de redução do balanço — em vez de reinvestir o principal dos títulos de agência e MBS vencidos em obrigações do Tesouro, passou a fazer operações de extensão de prazo sobre os títulos do Tesouro vencidos. Mais importante ainda, a Fed de Nova Iorque também compra diretamente obrigações do Tesouro no mercado secundário, divulgando mensalmente detalhes destas operações.

Este conjunto de operações recebeu de Wall Street o nome de RMP(— Compras de Gestão de Reservas). A explicação oficial é bastante conservadora: isto serve apenas para manter a liquidez do sistema bancário e garantir o normal funcionamento dos pagamentos e liquidações, e só compram obrigações do Tesouro de curto prazo, parecendo uma medida passiva de estabilização.

Na verdade, se olharmos de outro ângulo, o RMP não difere essencialmente do QE — a Reserva Federal imprime dinheiro para comprar obrigações, o mercado recebe liquidez, o balanço expande-se e a liquidez é assim libertada. Para ativos de risco como criptomoedas e ações norte-americanas, enquanto a Fed estiver a “comprar, comprar, comprar”, o dinheiro adicional acabará por fluir para os preços dos ativos. Em suma, é vinho velho em garrafa nova, mas o efeito pode ser praticamente o mesmo.