Há uma reunião de grande importância marcada para 15 de dezembro, e desta vez a SEC dos EUA não conseguiu mesmo ficar de braços cruzados. Eles chamaram diretamente algumas das figuras centrais do círculo das moedas de privacidade para se juntarem pessoalmente e discutir uma questão que preocupa toda a gente: será que o caminho das moedas de privacidade ainda é viável daqui para a frente?

Para ser sincero, quem vai estar presente não é gente qualquer. O fundador da Zcash, Zooko, estará lá pessoalmente — ele é uma figura pioneira no campo das moedas de privacidade; o CEO da Aleo, Koh, também confirmou a presença, e a equipa deles tem estado sempre na vanguarda da tecnologia de provas de conhecimento zero. Para além disso, alguns altos quadros da União Americana pelas Liberdades Civis e da Associação de Blockchain também vão marcar presença. Com este alinhamento, percebe-se logo que isto está longe de ser apenas para inglês ver.

O conflito tem estado sempre à vista. Desenvolvedores e utilizadores precisam de um espaço de proteção da privacidade, mas os reguladores têm de garantir a rastreabilidade dos fluxos financeiros. O caso da detenção do programador da Tornado Cash e o encerramento da carteira Samourai já fizeram muita gente sentir que este sector está prestes a ser bloqueado de vez. Agora que a SEC toma a iniciativa de organizar a reunião, isso mostra, de certa forma, que perceberam que só com mão pesada não conseguem travar o avanço tecnológico — é preciso sentar à mesa e discutir soluções práticas.

Para os participantes comuns, há vários pontos a ter em atenção antes e depois da reunião. Nas vésperas, criptomoedas associadas ao conceito de privacidade como ZEC, XMR ou AZERO têm estado em alta, com algum capital já a posicionar-se antecipadamente. O mais importante será interpretar os resultados após a reunião: se ambas as partes conseguirem acordar um quadro regulatório relativamente moderado, a tecnologia de privacidade pode ter uma oportunidade de se tornar compatível com a regulação; mas se as conversações falharem ou a SEC mantiver uma postura intransigente, é provável que haja bastante volatilidade.

Na minha opinião, este encontro marca a transição da indústria cripto de uma fase de crescimento desordenado para uma fase de jogo de forças em torno das regras. A SEC não quer sufocar totalmente a inovação, mas tem de estabelecer algum grau de controlo, por isso esta reunião será mais um teste mútuo aos limites de cada lado.

Deixo alguns conselhos práticos: acompanhe de perto a evolução da reunião do dia 15 e os comunicados oficiais subsequentes, para perceber como é que os técnicos e os reguladores vão medir forças; analise cuidadosamente os sinais transmitidos após a reunião para perceber se há abertura para cooperação ou se é apenas pressão indireta; se quiser ter alguma exposição a moedas de privacidade, pode considerar, mas evite grandes posições — é mais seguro esperar até que a direção política fique mais clara.

Esta reunião não é apenas um confronto entre tecnologia e políticas — está diretamente ligada ao espaço de sobrevivência do sector da privacidade e vai também influenciar a evolução dos preços dos ativos relacionados. No dia 15 de dezembro, as regras do jogo no mundo cripto podem mesmo vir a ser redefinidas.