Ainda se lembra do jogo de blocos da infância? Ele nos deu infinitas possibilidades de criação – hoje é um castelo, amanhã pode se transformar em uma nave espacial. Essa liberdade de combinação e transformação é a verdadeira fonte que estimula a nossa criatividade infantil.

No entanto, no mundo digital de hoje, os ativos digitais que possuímos parecem estar cristalizados. Por exemplo, uma arma rara que você ganha em um determinado jogo é, na verdade, apenas um conjunto de códigos e imagens exclusivos desse jogo, que não podem ser transferidos para outros mundos de jogo. A sua personagem virtual cuidadosamente criada precisa ser recriada sempre que você muda de plataforma. Esse chamado "posse" parece mais uma forma de direito de uso limitado.

Por que esse tipo de situação ocorre? Isso se deve ao fato de que esses itens digitais foram atribuídos, desde sua criação, a propriedades fixas e fechadas, existindo um abismo difícil de transpor entre eles. No entanto, agora há um projeto chamado Somnia que está tentando superar essa limitação, com o objetivo de permitir que cada item digital possa evoluir continuamente e migrar livremente entre diferentes plataformas, como um verdadeiro ser digital.

Para entender esse "isolamento de espécies" no mundo digital, podemos imaginar a seguinte cena: você tenta levar uma arma poderosa que obteve no jogo A para usar no jogo B. Este processo enfrentará várias barreiras que parecem impossíveis de superar:

Primeiro, está o problema da "barreira da língua". O jogo A pode usar uma linguagem de programação específica para descrever a aparência e as propriedades desta arma, enquanto o jogo B pode usar um sistema de linguagem completamente diferente. É como tentar fazer uma pessoa que só entende inglês ler diretamente um romance em chinês; o que ela vê é apenas uma série de símbolos sem sentido.

Em segundo lugar, temos a questão das "regras do mundo diferentes". Cada jogo tem seus próprios mecanismos de funcionamento e design de equilíbrio únicos; uma arma extremamente poderosa em um jogo A pode ser completamente inadequada no contexto e nas regras do jogo B, podendo até mesmo prejudicar a experiência do jogo.

Superar esses obstáculos e fazer com que os ativos digitais se tornem verdadeiramente "propriedades" que podemos dispor livremente trará mudanças radicais ao mundo digital. Isso não só poderá aumentar a sensação de controle dos usuários sobre os ativos digitais, mas também poderá estimular novas ideias e possibilidades de aplicação. Imagine, por exemplo, quando sua representação virtual puder transitar livremente entre diferentes plataformas, ou quando a obra de arte digital que você criou puder ser exibida e interagir em diversos mundos virtuais; que cena emocionante isso será.

Embora alcançar este objetivo enfrente muitos desafios, como questões técnicas e consensos da indústria, ele representa uma direção importante para o desenvolvimento do mundo digital. À medida que as tecnologias relacionadas continuam a avançar e os padrões da indústria se formam gradualmente, temos razões para esperar que, em um futuro não muito distante, o conceito de ativos digitais será redefinido, proporcionando aos usuários maior liberdade e espaço para criação.