Os airdrops se consolidaram como uma das estratégias mais eficazes de crescimento na Web3, capazes de gerar grande engajamento e atrair milhões de usuários em poucos dias. Nos últimos dois anos, projetos de finanças descentralizadas, NFTs e games distribuíram bilhões de dólares em tokens para recompensar adotantes iniciais e conquistar novos participantes.
O grande desafio, porém, é avaliar se essas distribuições realmente formam ecossistemas sólidos ou apenas provocam movimentos especulativos temporários. Embora os airdrops promovam saltos notáveis no crescimento de usuários e no número de transações, seu efeito duradouro em retenção, engajamento e valorização dos tokens segue incerto.
Este relatório analisa os impactos de airdrops de alto valor em DeFi, NFTs e Gaming, destacando como influenciaram o comportamento dos usuários, desempenho dos tokens e atividade em blockchain.
Airdrop, no universo Web3, é a distribuição gratuita de tokens para um conjunto de carteiras, geralmente como reconhecimento por ações passadas ou para incentivar futuros engajamentos. Diferente dos ICOs, que exigem compra de tokens, os airdrops entregam diretamente aos usuários. A lógica é simples: ao compartilhar participação, projetos podem iniciar comunidades, descentralizar decisões e criar liquidez instantânea para seus tokens.
Airdrops podem ser realizados em diferentes modelos:
Desde 2017, a prática evoluiu de estratégia experimental para um dos métodos de marketing mais eficientes da Web3. Em vez de investir em publicidade, os projetos compartilham propriedade. O objetivo: usuários que se consideram participantes tendem a testar o produto, divulgar o projeto e permanecer engajados.
Marcos-chave na trajetória dos airdrops:
Apesar dos desafios de rastreio, estimativas indicam:
Por que os airdrops funcionam como estratégia de marketing?
Enfrentam, no entanto, desafios como farming, vendas rápidas e dificuldades para reter engajamento. Mesmo assim, até 2025, seguem como uma das principais armas de marketing dos dapps.
O segmento DeFi é protagonista na adoção de airdrops. De exchanges descentralizadas a Layer-2 rollups, protocolos distribuem tokens para premiar adotantes iniciais, descentralizar decisões e, sobretudo, atrair novos usuários. De fato, os maiores e mais relevantes airdrops da Web3 vêm do DeFi e de soluções de escalabilidade.
O caso notório foi o airdrop da Arbitrum em março de 2023. Foram distribuídos 1,16 bilhão de tokens ARB, cerca de 11,6% da oferta total, para mais de 600 mil endereços, caracterizando o maior airdrop da história até então. No ápice, os tokens valeram quase US$ 2 bilhões. O reflexo em blockchain foi imediato: o número de transações diárias ultrapassou 2,5 milhões no dia do resgate, superando brevemente o Ethereum.
Com o passar do tempo, o entusiasmo arrefeceu, mas a Arbitrum manteve uma base de atividade superior ao período pré-airdrop. Dois meses após, a rede ainda registrava aproximadamente um milhão de transações diárias e um crescimento de 531% em carteiras ativas únicas (UAW). Porém, a retenção foi tímida: apenas cerca de 5% das transações eram feitas por quem recebeu ARB. Grande parte dos beneficiários vendeu rapidamente, restando o uso genuíno para novos participantes e antigos usuários DeFi atraídos pelo avanço da Arbitrum. O token ARB seguiu o padrão: lançado entre US$ 1,30 e US$ 1,40, caiu mais de 75% em dois anos.
Optimism é um contraponto interessante. Preferiu airdrops em fases desde 2022. Na segunda onda, em 2023, distribuiu 11 milhões de tokens OP, focando em participantes de governança como votantes e delegados de organização autônoma descentralizada (DAO). Isso gerou picos menores de atividade, mas alinhou incentivos e fortaleceu a governança. O número de UAW e volume também cresceu nos períodos de resgate, embora a atividade tenha caído mais rápido. O token OP acumulou queda de 42% desde o lançamento há três anos.
Protocolos DeFi repetem o comportamento das redes L2. O early airdrop do dYdX para traders (negociadores) ativos disparou volumes, mas a atividade caiu após o fim dos incentivos, e o token perdeu cerca de 70% de valor. O 1inch distribuiu tokens em várias ondas, estimulou crescimento rápido de carteiras, mas teve participação fraca na governança; o token caiu 52% pouco depois do airdrop e acumula queda superior a 90% em cinco anos. Já o ENS realizou airdrop retroativo menor no fim de 2021, mas seu token manteve desempenho superior, com queda de cerca de 40% em quatro anos, enquanto construiu comunidade de holders de domínios Ethereum.
Os dados do setor são claros. Airdrops provocam crescimento imediato, dobram ou triplicam a atividade diária e elevam o volume total bloqueado (TVL) à medida que usuários movimentam ativos para se qualificar. Em poucas semanas, a atividade volta ao patamar anterior, apenas modestamente acima do período pré-airdrop. O preço dos tokens segue o mesmo destino: a maioria perde entre 60 e 90% do valor inicial em poucos meses, pois os farmers (aproveitadores) liquidam posições.
Airdrops aceleram aquisição de usuários, mas a retenção depende da adequação do produto ao mercado. Arbitrum manteve uso elevado porque já oferecia utilidade DeFi a baixo custo. Optimism mostrou que airdrops estruturados em torno da governança moldam comportamento além da especulação. Protocolos sem ecossistema forte ou design assertivo tornam os airdrops apenas campanhas caras que enriquecem oportunistas, sem garantir adoção duradoura.
Enquanto DeFi e redes Layer-2 usaram airdrops para expandir infraestrutura, o universo NFT fez deles armas na disputa por participação de mercado. O exemplo mais claro é o Blur, marketplace que desafiou o domínio do OpenSea com uma das estratégias de airdrop mais agressivas da Web3.
O lançamento do token Blur, em fevereiro de 2023, foi antecedido por meses de recompensas sazonais: traders (negociadores) acumulavam pontos ao listar NFTs, prover liquidez e demonstrar fidelidade à plataforma. Quando o BLUR chegou ao mercado, 51% da oferta total foi destinado à comunidade, totalizando airdrop avaliado em mais de US$ 800 milhões no topo. O resultado foi imediato: em poucos dias, Blur capturou mais de 70% do volume de negociação de NFTs na Ethereum, forçando o OpenSea a reduzir taxas e rever políticas de royalties. Dados próprios mostram a dinâmica do fluxo de liquidez, com Blur em alguns momentos processando 5 vezes o volume do OpenSea, mesmo com menos carteiras ativas.
Essa atividade, porém, traz advertências. Grande parte do volume do Blur veio de poucos traders (negociadores) de alta frequência que farmavam pontos para futuras recompensas. Análises mostraram que algumas centenas de carteiras respondiam pela maioria das transações. Isso assegurou liquidez inédita, spreads mais apertados, bids profundos e execução rápida, mas não ampliou o engajamento comunitário. Já o OpenSea manteve liderança em número de carteiras únicas, atraindo colecionadores e criadores casuais.
O BLUR token seguiu tendência: estreou por volta de US$ 1,20, mas caiu rápido com vendas dos beneficiários, ficando abaixo de US$ 0,10 em 2025. Mesmo com novas temporadas de recompensas, o valor seguiu em queda. No fim de 2023, a participação de mercado do Blur estabilizou entre 20–40% após o impulso inicial.
Outros airdrops NFT repetiram a lógica. LooksRare e X2Y2 adotaram o ataque vampiro em 2022, distribuindo tokens a traders (negociadores) do OpenSea. Conseguiram momentaneamente grande volume, mas boa parte era operações simuladas. Rapidamente, a atividade caiu quando as recompensas acabaram. Os tokens, que já valeram centenas de milhões, hoje não passam de uma fração do pico. Mais recentemente, modelos de memecoin como Memecoin ($MEME) animaram brevemente os colecionadores, mas não sustentaram ecossistemas.
A principal conclusão é que, embora airdrops sejam ótimos para movimentar liquidez, falham em formar comunidades engajadas. Traders (negociadores) acompanham recompensas, mas colecionadores e criadores buscam confiança, usabilidade e relevância cultural — elementos que incentivos de tokens não garantem.
Em 2025, os marketplaces NFT vivem cenário de disputa intensa e marcado pelos airdrops. OpenSea inovou com ferramentas avançadas, Blur mantém foco em traders (negociadores) profissionais e concorrentes buscam novos formatos. Mas a questão persiste: incentivos via tokens realmente criam comunidades sustentáveis ou servem apenas à liquidez temporária?
Enquanto DeFi e marketplaces NFT fizeram dos airdrops eventos bilionários, o segmento de jogos segue cauteloso. Os games blockchain priorizam economias internas e NFTs, evitando grandes distribuições de tokens. Por esse motivo, os últimos dois anos registraram poucos airdrops relevantes e impactos passageiros, frente a DeFi e NFTs.
A maioria dos projetos de jogos blockchain evitou airdrops retroativos de grande porte. Preferiram plataformas de lançamento, emissões de NFT ou recompensas dentro do jogo para premiar engajamento. Essa escolha reflete aprendizados do boom jogue-para-ganhar de 2021, quando modelos inflacionários de tokens entraram em colapso diante da especulação. Entre 2023–2025, desenvolvedores se mostram cautelosos em distribuir grandes volumes sem garantias de sustentabilidade.
Exceções ocorreram na infraestrutura. Immutable, Polygon e Ronin testaram incentivos e premiações para desenvolvedores e jogadores, estruturados como programas contínuos e não eventos únicos. Estúdios menores premiaram testadores beta com NFTs ou pequenas quantidades de tokens, reconhecendo engajamento inicial sem comprometer a economia interna.
No setor de jogos, o verdadeiro desafio não é captar usuários por meio de tokens, mas manter engajamento suficiente para construir ecossistemas sólidos.
Com airdrops transformando a dinâmica no universo descentralizado, acompanhar oportunidades ficou mais complexo. Com bilhões de dólares distribuídos e novos projetos todo mês, usuários precisam de ferramentas confiáveis para identificar as melhores oportunidades.
DappRadar Airdrops cumpre esse papel: a plataforma reúne painel completo para ajudar usuários a explorar o mercado de distribuições de tokens. Oferece guias personalizados, explica ações decisivas para aumentar chances de alocação, além de indicar níveis de dificuldade e real possibilidade dos airdrops ocorrerem. O usuário encontra estratégias passo a passo que vão de simples transações em blockchain à verificação em programas beta, otimizando as oportunidades de recebimento de recompensas.
Ao centralizar dados, ações e resultados, o DappRadar Airdrops mantém a comunidade sempre informada. Seja trader (negociador) DeFi, colecionador de NFT ou gamer Web3, o painel garante que nenhum grande airdrop passe despercebido.
88% dos tokens distribuídos em airdrops perdem valor em poucos meses, mas todos os airdrops comprovam uma verdade: na Web3, atenção é a moeda mais valiosa. As grandes distribuições mostram que o objetivo vai além do token: é o comportamento do usuário que importa. O desafio dos projetos não está mais em captar atenção, e sim em convertê-la em comunidades sustentáveis. É nesse contexto que o DappRadar atua, rastreando dados, filtrando ruído e sinal, ajudando usuários e desenvolvedores a distinguir projetos que geram entusiasmo daqueles que fazem história.